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domingo, 14 de dezembro de 2008

Parteiras

Tenho conversado muito com parteiras. Algumas mulheres que assistiram a vários partos e me deram dicas valiosíssimas para o sucesso dos nascimentos.

Engraçado que apesar de tamanha sabedoria, não existe soberba, desejam repartir comigo seu conhecimento, me fazem sentir respeitada por dar continuidade ao seu oficio e são muito femininas.

Elas realmente acreditam na força da mulher, nos instintos e em Deus.
Reconhecem de longe sinais de problemas e sabem mais do que qualquer assistente urbano de partos. Sem a menor duvida. Sempre dizem que é a mulher que faz seu parto e que, o Maximo que podem fazer é ajudar de vez em quando.

Me irrita profundamente ver esta sabedoria sem limite subestimada por quem não conhece este trabalho nem a verdadeira obstetrícia. É obvio que quem menospreza o trabalho de parteiras não o conhece e não sabe o que está falando.

Pelo menos gratidão deveríamos ter por elas. Mas como é de nossa natureza amarga, usamos termos nada a ver como “curiosas”, o que só demonstra ignorância. São curiosas, e sábias. E conhecimento de verdade não se encontra em toda esquina, infelizmente.
Elas sempre tiraram leite de pedra. Quantas manobras corajosas não foram realizadas em detrimento de cortes e retiradas rápidas de bebês do útero materno sem sequer tentar...

Estas mulheres trabalharam de graça, levaram a serio seu sacerdócio e nunca deixam uma mulher na mão. Seriam incapazes de “agendar” um parto para curtir o feriado sossegadas ou aterrorizar para garantir o procedimento e remuneração.

Ontem perguntei a uma delas se ela sabia quando um parto não aconteceria naturalmente e, sem hesitação, me respondeu: “Quando a mulher desde o principio do TP diz desesperada que não vai conseguir. Esta, você pode contar que não vai conseguir porque não relaxa lá em baixo.” Ela deixou claro que não estava falando das parturientes que, a certa altura cansadas e com dor dizem que não agüentam mais. Ela falou da mulher que inicia um TP dizendo estas palavras de forma ansiosa e decisiva. E, mesmo sem ter assistido as uma reação assim, fui remetida a algum lugar de mim que sabia exatamente do que ela estava falando.

O mais intrigante é que sua descrição sobre manobras, posições, proteção perineal, demoras, variações e complicações é a mesma descrita nos livros, mesmo sem ter jamais lido um. Na verdade, suas informações são muito mais claras e acessíveis do que qualquer Tratado de capa preta de mil paginas... E suas intervenções, quando há, muito mais simples e eficazes. Esta por exemplo jamais perdeu um bebê.

Descobri que a maior cesarista das redondezas nasceu em suas mãos, num parto fácil, rápido e indolor. Que ironia do destino.

Falar de um país sem memória explica desprezar nossas parteiras. A elas a humanidade deve todos os seus nascimentos por milênios. Mas ao contrário, são caçadas como bruxas, curiosas inconseqüentes, que só tem lugar onde os médicos não querem ir.
Estou trabalhando muito para ser uma delas. Lendo, observando, esperando e descobrindo a magia que têm estas adoráveis aparadoras de bebês.

Não desistam, passem esses conhecimentos adiante. Trabalhem! Ainda tem muita gente grata a vocês.

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