- O parto Natural e humanizado de verdade - A maneira segura e emocionante de ajudar mulheres trazer crianças ao mundo

terça-feira, 27 de julho de 2010

Preparar-se Para Cesárea

Dizem que a mulher que deseja muito parir, deveria se preparar para o caso de vir a passar por uma cesariana.

Antes de refletir e escutar algo determinante sobre isso, também caí no piegas "preparar-se para o pior", mas vamos pensar juntos sobre o assunto.

Imagine que você encontrou o homem da sua vida. Ele está igualmente apaixonado e ansioso por você. Decidiram se casar na igreja com toda pompa a que tem direito. Está tudo pronto e lá está ele no altar admirado com sua beleza e não se contendo em si de tanta alegria. Vocês chegam até o padre que diz: "Olha, tudo bem eu até faço esse casamento se é o que vocês querem, mas não vou enganar ninguém não. A chance de de dar em divórcio em nossos dias é muito alta. Então vamos jogar limpo: ambos têm que se preparar para o caso de pegar o outro na cama com outra pessoa, para aturar mentiras e inúmeras diferenças que provavelmente acabarão com os sonhos que construíram juntos. E pode ser muito pior do que estou dizendo. É isso. Não quero ver ninguém chorando e sofrendo depois porque eu avisei!"

Apesar de ambos serem possibilidades - a separação e a cesárea -, não podemos deixar de sonhar intensamente com o sucesso desse casamento e desse parto, só porque em alguns casos fatalmente dará errado.

Não há como se preparar demasiadamente para o que não está nos planos.

Mas se o que não desejamos acontecer, a dor é inevitável. Como em toda decepção, teremos que sofrer, compreender, reconstruir e, ás vezes, se reinventar para resolver e cicatrizar a ferida que não é só física.

Eu gostaria muito que as mulheres já viessem preparadas ou memso de saber prepara-las, mas isso é uma grande ilusão. Devemos sempre falar sobre as possibilidades, mas o tempo de um porfissional com a mulher deve ser usado, em sua maior parte, avaliando sua saúde e empoderando-a.

Não há como preparar-se para o que consideramos ruim. Sabemos que pode acontecer, mas acredito que pedir para esperar o que não queremos, seja algo incoerente demais para pedir.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Deixar Acontecer

É um grande desafio deixar as coisas acontecerem naturalmente. Ficamos internados em universidades por vários anos, aprendemos manobras salvadoras, técnicas que nos fazem sentir importantes, as pessoas nos fazem sentir tão especiais por isso e aí vem um bando de mulheres dizer que buscam exatamente o contrario!

Nós estudamos muito para que digam que não devemos fazer nada, que muito poucas mulheres precisam e fato precisam de nossos conhecimentos altamente especializados. Mas é assim que deve ser.

Não intervir é um exercício. No estilo mais tradicional "Orai e Vigiai".
Mais importante do que saber fazer uma episiotomia, é saber não fazer uma.
E é muito mais difícil aprender a não fazer do que aprender a fazer.

Falar de fora é fácil, mas saber que uma “traçãozinha” seria o suficiente para o bebê acabar de nascer é um grande desafio. Ainda mais se por perto estiver algum profissional tenso e se não der para identificar sinais de como o bebê está naquele momento.

No dia a dia da obstetrícia, infelizmente não vemos apenas nascimentos maravilhosos. Um apgar baixo, um silencio ensurdecedor, cobrança, rótulo e nada que se faz é suficiente.
Nem para os outros nem para nós mesmos.

Queria saber quem vai ter dificuldade, que sinal prediz o que, como reconhecer o que há de mais improvável, onde está a máquina do tempo para fazer diferente?...
São muitas perguntas sem respostas.

Não é fácil lidar com vida... E morte.
Mas deixar a vida acontecer em paz é nossa obrigação. Não podemos oferecer mais às mulheres do que intervir quando realmente necessário e deixá-las parir lindamente quando não for.

Há mais distância entre o céu e a terra do que supõe nossa vã obstetrícia.
Não é fácil, mas precisa ser feito.
Na esperança de deixar esse legado, de deixar nessa Terra seres humanos vindos de nascimentos mais serenos, seguros e dignos, continuamos persistentes em nosso duelo interno.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Decidindo Parir

Risco é há em qualquer atitude, em qualquer momento, em qualquer circunstância e em qualquer lugar. Quase sempre decidiremos pelo menor risco ou pelo que é mais cômodo ou ainda pelo que acreditamos ser melhor culturalmente mesmo que de fato não seja... Como no caso de escolha por uma cesárea eletiva.

Nossas escolhas não são livres de preconceitos, propaganda e medo. Não podemos fantasiar mais sobre isso. Todas as opções sofrem influência da cultura e da época em que acontecem.

Neste ponto de vista, nos enganamos ao acreditar cega e absolutamente que nos libertamos, quando na verdade apenas trocamos de dono.
Antes o pai, depois o marido e agora uma mistura perigosa de “não saber”, acomodação, orgulho e vaidade.

Esta cegueira também está presente quando acreditamos que, para parir, basta olhar no catálogo do plano, querer e mais nada.

Ninguém sabe ao certo o que se precisa para parir, mas as estatísticas comprovam: é muito mais difícil do que parece... E do que deveria ser.

A grande maioria simplesmente agradecerá a Deus e ao “doutor” a misericórdia pela dor ou a salvação de sua vida. As algumas outras não aceitarão qualquer explicação... Se arrependerão e lamentarão profundamente a substituição da maior manifestação da vida por uma sala fria, conversas paralelas e distanciamento da pessoa mais importante, naquela que tinha todo para ser a noite mais emocionante de sua vida.

Há quem não ligue para isso, “afinal estão todos vivos”...
Há quem não compreenda o quão grandiosa pode ser a natureza.

Onde e com quem parir são sim escolhas fundamentais para o tipo de nascimento que você dará ao seu filho. Quem planta feijão, não colhe milho. Mas é necessário saber e acreditar antes de plantar.

A ignorância é um bom argumento, mas não contém a máquina do tempo.
A dureza financeira conta, mas não pode atrapalhar o parto que você merece ter.
A falta de apoio atrapalha, mas é preciso tirar forças de si mesma para ter suas próprias conquistas.
Então estas são questões não deveriam ser consideradas determinantes quando refletirmos sobre o leite derramado mais tarde.
Porque o que determina seu parto é o que construímos, é o que estamos dispostos e o que fazemos.

Sinta-se segura e a vontade para escolher, desde que seja de fato uma escolha.
Viva intensamente este momento que se repetirá tão poucas vezes.
Porque é agora que fazemos nossa história.
Seja ela de glória, arrependimentos ou do que mais escolher no catálogo da vida.

sábado, 3 de julho de 2010

Se você Quer Mesmo Um Parto...

Resolvi escrever este post porque, no português claro, eu não agüento mais assistir passivamente mulheres que manifestam um desejo verdadeiro por um parto natural, sendo levadas para uma cesárea desnecessariamente e se conformando logo em seguida, afinal todos estão vivos... Como se sobreviver a um processo biológico fosse tudo de bom que pudesse acontecer neste momento.

Vou dizer mais uma vez:
Quem quer um parto normal, não pode ter como obstetra um cara que faz cesárea em todas as suas amigas! Não adianta fazê-lo prometer, porque ficamos muito vulneráveis no trabalho de parto.

Você precisa é ter alguém que te levante quando você chorar como menina implorando pela cesárea que não deseja. De alguém que esteja ao seu lado e diga que você está indo bem e que se emocione com sua conquista quando esse bebe estiver em seus braços!

Não tente transformar ninguém. Muito poucas pessoas estão abertas a mudarem suas práticas e até mesmo disponíveis para interromperem um jantar romântico ou acordar no meio da madrugada. Ele não vai mudar só para que você tenha o parto que deseja...

Não exija o serviço que o profissional oferece!
Compre “o produto” de que sabe fazer!
Mude você!

Por que é tão difícil mudar de obstetra para parir? Vínculo? Medo? Dúvida? Ninguém pode fazer esta escolha por ti. Então saiba que as vezes precisamos dizer não e correr com nossas próprias pernas, nos responsabilizar pelas glórias e conseqüências de nossas decisões.

Vou contar a história que sempre conto às grávidas que querem, porém não conseguem mudar de obstetra: Imagine que você é uma religiosa ferrenha, super discreta e precisa ir a um evento. Vai a uma loja de vestidos, onde todas as suas amigas saíram de lá com vestidos diferentes do que pediram, mas pelo menos sobreviveram. Mesmo assim você vai e pede um vestido preto, sem detalhes, reto. Mas a vendedora que é a melhor da loja (vende qualquer coisa que queira) lhe vem com um tubinho modernérrimo de estampas havaianas, com babados e lantejoulas amarelas. Você até assusta de início, mas ela fala de todas as vantagens das cores fluorescentes, da beleza dos cintilantes e que é a ultima moda em Milão. Você não querendo ser desagradável - porque ela é muito legal e te conhece há anos -, insiste no preto educadamente sem conseguir se imaginar vestindo aquela fantasia de carnaval que ela quer que você compre. Então você diz que vai pensar. Volta lá várias vezes, afinal vocês são amigas, e ela sempre vem com a mesma peça. Como não existem muitas lojas na cidade, já esta chegando o grande dia e falam muito mal de um certo vestido preto que comparam rasgado e a mulher ficou nua no meio da festa, você resolve comprar o da sua amiga (sai até mais barato) e vai a festa. Acontece tudo que você não queria: fica engraçadamente sexy e vira o centro das atenções. Mas não tem problema, pois tem um monte de gente que se veste assim e essa noite só vai durar algumas horas. Amanhã vai estar tudo bem. O importante é que você está viva.

Mas a diferença é que o parto e a sua vida são muito mais importantes do que um vestido.

Informem-se, reflitam, descubra o que querem, o que precisam e depois busquem no lugar certo... Porque parto é algo que vivemos muito poucas vezes na vida para que seja de qualquer jeito.

Faça você a mudança que precisa em sua vida.
Ou deixe as coisas como são e pronto.

Só as peço que me façam acreditar quando vocês tiverem decidido por si mesmas.
E eu ajudarei com o maior prazer e satisfação do mundo.

Eles já me visitaram