Na política e na prática de humanização, o acompanhante não pode faltar. Mesmo assim, a maior parte esmagadora das instituições hospitalares brasileiras insiste em manter esta norma quase pessoal de não permitir acompanhantes. Ou então restringi-lo a umas seletas situações, como um parto perfeito.
O acompanhante é um direito da parturiente. Não depende mais das condições do hospital, não depende mais de segurança profissional, não depende de vaidade ou achismos.
A lei não limita o acesso nem o sexo do acompanhante. Quem o indica é a mulher e ela não pode ter medo de retaliação, o que é um absurdo.
É engraçado que tenha que se fazer lei para isso. E o trágico é que não basta a lei ser criada para ser cumprida.
A humanização, pasmem, tem que fazer campanha e ir pra mídia para estas famílias começarem a ser respeitadas...
Os profissionais que temem acompanhantes tem seu motivo para temê-lo: insegurança. Não existe outro.
O que rola no imaginário profissional é cena clichê do pai desmaiando no centro cirúrgico ou na hora do parto. Ora, na pior das hipóteses se o marido cair, alguém o levanta, dá um copo d’água!... E quem tem experiência com isso sabe que não acontece assim.
Será que o dano é tão grande para que se evite a presença de qualquer acompanhante?
Profissionais que assistem partos com acompanhantes sabem que eles surpreendem a si mesmo e a todos com a ajuda que dão no trabalho de parto. Fora a mulher que se sente mais segura para relaxar e parir.
Mesmo quando estão receosos.
Existem aqueles que não concordam com esta teoria, mas isso tem muito a ver com sua postura diante da situação.
Se o profissional conversa, é educado, presente e explica o que está acontecendo, não existe porquê a família reclamar ou atrapalhar. Se o enfermeiro ou médico for a referência que esta família precisa, ela irá até ajudar. Isso é questão de lógica.
Ao não defender esta lei, esta se cometendo um delito e sendo anti-ético, já que sempre devem zelar pelo bem estar do cliente, não preservar seus próprios fantasmas.
O acompanhante tem direito de entrar num parto normal lindo, num parto normal com intervenções e inclusive na cesariana. Qualquer ambiente em que a mãe esteja, cabe a presença da figura que lhe der suporte emocional.
Além das vantagens diretas e obvias, a participação do acompanhante, em especial o pai, é fundamental para a família que nasce ali. Saber como as coisas acontecem, poder ver seu esperado filho pela primeira vez, ser cúmplice de sua mulher e chorar se quiser...
Isso tudo é tão óbvio que chega ser ridículo discutir...
As coisas vão mudar, têm que mudar.
Não dá pra falar em humanização com as premissas “Proibição”, “Rotinas” e, principalmente, sem sensibilidade para ver a beleza deste momento, por trás de procedimentos meramente técnicos.
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