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quarta-feira, 10 de junho de 2009

Casa de Parto

Golpe de mestre. De uma fiscalização despretensiosa aparentemente de rotina, a escolha de muitas mulheres já tão sacrificadas pela natureza de suas vidas foi simplesmente colocada de lado, sobrepostas por outros interesses.

É uma lastima que uma questão profissional tenha terminado por prejudicar mais as mulheres pobres da zona oeste do que as enfermeiras, também mulheres, que lá trabalham.

A briga deixou de ser no campo das idéias, dos ideais e partiu, sem aviso e sem cerimônias, para o campo da apelação.

O que é muito contraditório, dentre tantas ironias, é que a Casa de Parto tenha sido aberta há 5 anos (5 anos!!!) funcionando da mesma forma até semana passada, quando finalmente conseguiram diagnosticar uma “irregularidade” (muito mal explicada) lá. Uma “irregularidade” estrutural que nenhum técnico até então viu. E mais: tão grave que nunca prejudicou ninguém que tenha parido ou nascido lá até hoje. Um verdadeiro milagre.

Ora, como qualquer instituição de Saúde, a mesma teve alvará para funcionar. Seus procedimentos nunca foram omitidos. Todos que precisam saber sempre souberam que lá não havia médicos nem centro cirúrgico. E por que surgiu isso agora? Lavanderia? Por favor!...

Também não é segredo para ninguém que qualquer hospital invejaria os números da Casa de Parto. Com muito pouca tecnologia, a maquina cara que move esta sociedade, os enfermeiros da Casa de Parto “ilegal” conseguem resultados muito melhores do que tanta tecnologia pôde trazer.

Mesmo assim esta não é somente a luta da tecnologia complexa, dispendiosa, recém-nata contra a tecnologia do cuidado, simples, milenar. É uma disputa de mercado, de dinheiro, de poder. É a batalha do masculino contra o feminino, desconsiderando tudo que não lhe convém ou que não pode compreender.

E quem perde mais nisso tudo não são as enfermeiras...
Não adianta esbravejar pela segurança das gestantes carentes de Realengo, porque são elas que precisam e pedem pela Casa de Parto. Lá encontraram tudo o que qualquer hospital deveria oferecer: conforto, confiança, paz e dignidade.
É por isso que elas perderão, aliás, já estão perdendo.

As enfermeiras arrumam outros empregos, começam até do zero em outro lugar. Mas essas famílias que sonharam e construíram idealmente seus partos... Estas vão ficar de lado enquanto lutamos. É uma perda imensurável.

Óbvio que esta perda não é permanente. Chegou-se num ponto, onde o modelo de assistência obstétrica vigente já não é mais tolerável para muitas dessas mulheres.

Acharam que a guerra era contra um bando de enfermeiras indefesas... E descobriram que atacaram a honra e o coração do movimento de humanização do nascimento deste país.
Não sabemos o que vai acontecer, mas nós todas juntas, enfermeiras, donas de casa, engenheiras e artistas, daremos um jeito.
Sempre damos.

Um comentário:

Marilia Aguilar disse...

O comportamento da classe médica é lamentável... pra não dizer outros adjetivos piores.
É muito triste ver o descaso com que as mulheres são tratadas em relação ao parto. A verdade é que para a grande maioria dos médicos (salvo raríssimas exceções) o que é melhor para a mulher e para o bebê estão em último plano mesmo. Eles só querem saber o que é mais fácil e conveniente para eles. Até aí "tudo bem", é uma opção de cada profissional, fazer o quê?
Mas destruir o que tanta gente lutou pra conseguir, destruir o sonho dessas mães, o direito de parir com dignidade e respeito, é muita arrogância!
É por isso que esse movimento é tão importante. Somente a informação vai transformar a situação atual. Aqui em Rio Preto estamos com um grupinho de 3 gestantes, 1 doula e 2 recém-mamães lutando pela humanização do parto. Quem sabe um dia, conseguiremos uma Casa Parto por aqui também?

Eles já me visitaram