A interdição da Casa de parto de Realengo e a luta pela reabertura foram longe demais.
E em vários sentidos.
Quem desejou ou procurou seu fechamento não esperava que as coisas fossem se desenrolar desta forma: audiência publica, passeata, reuniões e mais reuniões, processos, manifestações, abaixo assinado, união.
Como Enfermeira, pela primeira vez em minha vida, vi feliz COREn, Sindicato dos Enfermeiros e ABENFO juntas pela mesma causa.
Só um enfermeiro sabe o que isso significa...
Vi colegas enfermeiros e, surpresa, vi também médicos diferentes apoiando a escolha feminina de parir, acima de qualquer outro interesse.
Assisti a sensibilização e a manifestação de políticos, que jamais pensei se importarem tanto com as mulheres, comprando briga, se expondo...
Reencontrei professores e colegas de militância de longa data.. É uma delicia descobrir que existem outros companheiros que, como eu, não desistem.
Não desistirão nunca.
E as mulheres... Ah as mulheres! Firmes na exigência de seus direitos, enfrentaram seus próprios medos, depois os preconceitos e agora lutam pelo respeito às suas escolhas.
Ninguém esperava que o saldo fosse tão positivo!
O parto natural, em todas as TVs, promovido ao horário nobre.
E o maior ganho da história toda: militantes e mulheres, nos descobrimos muito mais fortes do que nós e eles imaginávamos.
Só consigo pensar no péssimo negócio para os opositores o fechamento da Casa de Parto. Se lerem jornais, assistirem TV ou se puseram a mão na consciência, a esta altura, já se arrependeram amargamente.
A única garantia é que eles não nos ignoram como querem fazer parecer.
O que acontecerá então é a busca de casais por suas opções de parto; as enfermeiras obstetras serão mais procuradas, porque então eles saberão o que esperar delas; os médicos realmente humanizados serão valorizados; e começara um movimento ainda mais intenso pela a abertura de novas Casas de Parto.
Um grande passo foi dado. O poder da visibilidade será traduzido em informação,e conscientização e a quebra da “patente” sobre o parto.
Este modelo anacrônico já começou a rolar ladeira abaixo. As donas dos corpos tomaram posse...
E nasce um novo paradigma.
FEIRA DO LIVRO 2024
Há 5 meses
2 comentários:
Uma mãozinha aqui, outra barriguinha ali e juntas formamos um corpo enorme de pessoas que acreditam na capacidade da mulher, em especial na sua capacidade de parir! Não vamos desistir, não!!
Oi DyDy! Você escreve muuuito bem!
E tudo aqui combina muito comigo, gosto muito!
Um grande abraço
Fran
'Precisamos encontrar pessoas assim para nos unir e restaurar aquele lado que já não está mais prestando'.
Postar um comentário