- O parto Natural e humanizado de verdade - A maneira segura e emocionante de ajudar mulheres trazer crianças ao mundo

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Dicas para Ter um Parto Legal

Amadureci as coisas que escreverei abaixo, pois quase ninguém entende o que quero dizer. São detalhes nos quais acredito, servem em vários aspectos de minha vida e, por final, acho muito egoísmo de minha parte, deixar de contar a vocês o que me ajudou e o que pode lhes ajudar a parir, por receio do que vão pensar.

Nada do que direi é cientifico. Não consta nos Guidlines nem na Cochraine nem é recomendação da OMS. São coisas que fui observando, escutando e ligando aos resultados que via. Não é um estudo randomizado nem conheço ninguém mais na humanização que pense exatamente como eu. Então não é uma orientação, é uma experiência que decidi compartilhar.

Acredito que parto tenha tudo a ver com sexualidade. Sexo é algo muito intimo, pessoal e cada um faz de um jeito. O parto também. Apenas pode parir, quem faz sexo, quem de alguma forma usa a vagina, grosseiramente falando.
Então deve ter alguma coisa a ver.

Não estou dizendo que quem goza terá parto natural e quem não goza terá parto difícil ou cesárea. Mas algo pode existir nesta direção e precisa ser aprofundado.
Deixar pra lá só porque não responde a todas, não é uma opção considerável.

Outro dia uma ex-cliente e amiga que sabe dessa minha busca pelas questões relacionadas a facilitação do trabalho de parto, teve um insight com uma palavra que achei bastante interessante: potência. O homem precisa ter potência sexual para ter relações sexuais, a mulher não necessariamente. Do ponto de vista biológico, a mulher pode ser completamente passiva numa relação, o homem heterossexual, não. Mas no momento do parto, uma mulher passiva demais, não consegue parir. Está aí uma grande razão para a dor. A dor faz reagir e a mulher precisa ser ativa no trabalho de parto.

Retornando ao ponto: a mulher usa objetivamente a mesma parte do corpo para o sexo e parto, mas no primeiro ela pode ou não ser ativa, no segundo, ela obrigatoriamente teria que ser.

Uma outra questão que considero relevante é a relação com o companheiro. Se a relação está com muitos problemas ou se a mulher não consegue se entregar completamente nesta relação, como ela entregará ao mundo e a este homem o presente que é um filho? Claro que ela provavelmente conseguirá parir se ninguém atrapalhar, mas acho que resolver este problema em algum nível pode ajudar no trabalho de parto.

O que pode estar prejudicando esta relação? Uma traição descoberta, sentimento de desvalorização, desprezo, brigas constantes, etc. Só mergulhando no universo dela de cabeça pra saber.

O tipo de parto do qual a gestante nasceu e a relação com a mãe também devem ser levadas em consideração. A gravidez é um momento de resolver pendências, pois todos estão mais sensibilizados. Mas antes de engravidar seria o ideal. Descobrir a circunstância na qual veio ao mundo não pode ser encarado como desimportante. Descobrir possíveis traumas causados pela violência no nascimento, afastamento da mãe, da não amamentação é fundamental para compreender e perdoar.

A postura dessa mulher diante da vida praticamente determina como será o parto, na minha opinião. No meu primeiro parto, estava muito menina e me vitimizava com a situação. Minha mãe estava lá e isso pode ter atrapalhado, no meu caso, porque ela me fazia ser ainda mais menina, quando eu precisava reagir, ser mulher pra colocar meu filho no mundo. No segundo parto, eu quis ser a mulher, a dona e, tirando que não deu tempo de ser na água, foi tudo igual ou melhor do que planejei. Eu não sou modelo indiscutível a seguir, mas olhando para trás na minha historia, consigo perceber com mais clareza a verdade das outras mulheres e me sinto mais segura e confiante para ajudá-las.

Meus partos foram tão diferentes um do outro porque eu estava muito diferente também. Em menos de 6 anos, eu me tornei outra pessoa, inclusive porque no primeiro parto eu não era mãe e no segundo já era. Antes eu era a menininha que chorava no Trabalho de parto e pedia cesárea, no segundo, eu fui a leoa que pediu pro companheiro dividir a dor com ela. Eu era mais eu, por isso, apesar de intenso, foi mais fácil.

Não poderia deixar de falar, apesar de não ser nenhum pouco unanimidade entre os ativistas que a conexão com a natureza, interna e externa são condições fundamentais para uma vida sexual legal e, portanto, um parto natural. Sabe, gostar de si, não desprezar suas funções biológicas, ser grata pela vida, cuidar da família e, de alguma forma, do planeta. Não quero dizer com isso que as mulheres urbanas e trabalhadoras não tenham chance. Mas não dá pra dizer que parto não tem nada a ver com cuidado e entrega.

E pela minha proximidade com partos de outras pessoas, posso confirmar e desconstruir minhas teorias sem medo e com a certeza de que me torno uma parteira melhor a cada dia. Sou muito grata a estas mulheres, pois a elas, mais do que aos livros e aos embates, devo tudo que sei.

É por elas que eu não desisto de descobrir o que posso fazer melhor. E claro... Para ajudar o mundo a ser bem melhor... Desde o nascimento.

6 comentários:

Unknown disse...

FANTÁSTICO, Dydy!!!

Sabe que eu fui no workshop com a Naoli Vinaver e ela falou exatamente isso??? Sobre sexualidade, relação com o companheiro, com a mãe, etc?! Nossa, foi muito BOM... você foi no workshop dela também?

Bjos

bbzsinlove disse...

concordo com tuuuuuuddddoooooo!!!!

E sabe de uma coisa?
O parto me deu uma consciência corporal que eu não tinha!!!!
Sexo agora é oooooutra coisa!!!

Renata Olah disse...

Perfeito o texto, Dydy!! Amei! Inclusive repassei ele prum fórum que participo!! E agora que vi que você tem meu blog em sua lista! Obrigada!! Beijos!

Dani Garbellini disse...

Oi Dydy! Muito bom seu texto. Inspirou-me reflexões, dá uma lida: http://danielices.blogspot.com/2010/06/nascemos.html

Beijos!

Anônimo disse...

seu blog é muito lindo e informativo. Continue sempre blogando!!

Rê, Renatinha, Renata Lúcia, Rezinha, Renascida disse...

Adorei!!!
Nas 8 horas do meu trabalho de parto, a entrega de corpo e alma, eu sentia um ser sexual imeeenso, um poder que já tinha no sexo e que me tornou mais forte pra colocar meu filho neste mundo, e mais: o sexo tá ainda melhor!!
Você conseguiu colocar isso em palavras... a relação com minha mãe divinamente entendida na gravidez, a relação com meu marido...
você é uma grande mulher que tem muito a nos ensinar com suas doces e sábias palavras. parabéns, dydy!

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