- O parto Natural e humanizado de verdade - A maneira segura e emocionante de ajudar mulheres trazer crianças ao mundo

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O Que Você Realmente Deseja?

A maioria das mulheres com quem tenho um contato, digamos, obstétrico – seja no pré natal, num bate papo ou no parto – diz que prefere parto normal. Algumas vão alem: dizem que seus médicos terão que “fazer parto normal delas”, mesmo quando sabem que estes só fazem cesáreas. E outras mais conformadas acreditam que na hora vai acontecer alguma coisa e vai ser normal...

Desafortunadamente, em nosso país não adianta querer mais ou menos para conseguir ter um parto natural. Ou quer demais e faz o caminho de seu parto, ou se entrega à piedosa deusa Techné -  que diz silenciosamente “Fora de mim não há salvação” - e aceita sua cesárea como todo mundo faz.

O parto é um momento que vivemos duas, talvez três vezes em nossa vida moderninha. Seja por onde for que o bebê resolva ou seja obrigado a passar, estatisticamente dificilmente alguém vai morrer no processo. Mas esta experiência intensa não se tem de outra forma e há quem diga que isso não é tão importante assim. Há muito mais pessoas dispostas a deixar de vivê-la do que fazer um esforço realmente significativo para fazê-la acontecer.

Quando falamos em dinheiro então... Querem fazer parecer que este é um comércio pura e simplesmente. Insinuam que “perderíamos” dias, horas e anos escrevendo blogs, fazendo palestras gratuitas, acompanhando vários partos sem qualquer cobrança, respondendo frustrados perguntas de mulheres que sabemos que terão uma cesárea... Não que fosse pouco, mas não faríamos tudo isto, se o sustento fosse a única motivação.
Seria prejuízo viver a obstetrícia por dinheiro, quando o retorno, deste ponto de vista, as vezes é tão pequeno.

Desvalorizando nosso trabalho, conseguem desvalorizar quem somos. Porque, para estes, se tornou uma questão de mercado e nada mais.
Eu faço por paixão. Faço porque acredito.

Claro que há quem cobre mais ou menos por este trabalho. Em todos os tipos de trabalhos isso existe. E obviamente quem tem um serviço diferenciado e se dispõe a aguardar por pelo menos um mês um trabalho de parto que também é um comportamento profissional diferenciado, deve ter um pagamento justo. Mas todos estão dispostos a negociar. Isso é fato. Só que é mais fácil reclamar de ter que vender o carro pra pagar o parto do que conhecer outras realidades. Ou ainda, é melhor ficar no plano de saúde que tudo é “de graça e posso ter a mesma coisa”.
Quem dera.

Para “piorar” nossa situação, ainda temos o agravante de gostarmos de nossa profissão.
E isso é quase um crime! “Se fazem porque gostam, por que cobram?” Quando o sonho de todo mundo é trabalhar com o que gosta, nos acham maus porque gostamos!

Pouco importa a eles, se assistimos, de vez em sempre, partos de pessoas sem qualquer condição financeira e portanto, sem remuneração alguma.
Podemos fazer caridade para quem precisa, mas as vezes algumas pessoas não querem abrir mão de nada pelo seu parto. Como se nascer fosse menos importante do que ter coisas...
O enxoval está completo bem antes. E o quarto decorado. E o plano pago em dia. E todos detalhes que o bebê nem sabe que existem.

Ainda há quem diga, mesmo com condições, que não teve ou – pasmém – que não terá um parto humanizado porque não tem dinheiro. Sem sequer ter conversado com um profissional para avaliarem as possibilidades de pagamento, troca de trabalho ou qualquer alternativa digna para ambos os lados. Como se negociar fosse humilhante.
Ou seja, em muitos casos, a falta de dinheiro é o argumento fatal usado para não parir, já que no fundo sabemos que este é um passo muito importante.
Mas sempre me pergunto se é a verdade da pessoal naquele momento ou se é uma desculpa para nao ir adiante.

Só dá pra abrir mão quando conseguimos nos convencer de que é impossível.

Quantas e quantas vezes, me ofereci para conversar sobre parto com grávidas que sabiam que teriam uma cesárea pelo andar da carruagem. A maior parte nem vem. Outras, quando vem, vem quase que pedindo uma benção para continuarem exatamente como estão. Colocam a culpa nos cesaristas, mas eles só atendem o sistema no qual estão inseridos.
E tão poucas chegam até mim por quererem de fato um parto empoderador...

Parir acabou se tornando complicado, mas não impossível. Acredito muito que é a mulher que fará a revolução. A demanda cria o serviço. E se não for através dela, não imagino como será.

Não fiquem bravas comigo, barrigudas. Conheço exceções à regra.
Simplesmente perguntem a si mesmas seus porquês.

O que posso dizer é que jamais negaria acompanhamento a uma mulher que realmente desejasse. E mesmo assim, as que querem dão um jeito.
E acho difícil que alguém nao consiga ter um parto somente pelo motivo financeiro.
Mas quem realmente deseja parir?
Quem realmente precisa de um parto natural?

6 comentários:

Carla disse...

É isso mesmo, Dydy!!!!
Por mais que desejemos, não podemos parir por ninguém.......E serão as mulheres mesmo que modificarão a realidade do nascer.
Força aí!

Maíra disse...

Muito bom, Dydy, assino embaixo.

Bjosss

R o s e l e n e disse...

da minha parte, amo e compreendo essas mulheres, e me sinto intimamente triste por elas, por saber que elas estão perdendo uma vivência incrível. o que é a chave para uma, não é para a outra. e antes prefiro aceitar desfechos diversos do que eu desejaria para cada uma delas, do que cobrar atitudes que elas não estão prontas para ter, seja porque motivo for...

Elza disse...

Olá! Gostei muito do blog. Venho pesquisando bastante sobre parto natural e não tenho nenhuma dúvida sobre minha vontade de parir. A questão é que é muito difícil encontrarmos profissionais que simplismente sejam éticos, sinceros e sensíveis com a vontade do outro. Ainda não engravidei mas já comecei a ler sobre o assunto e o blog é bastatne esclarecedor.

Inté!

Cibele disse...

Ótimo texto, ótimo ponto de vista!
Eu tive um parto normal com profissionais humanizados, e desde que estava grávida tive muito contato com grupos de pessoas, listas de discussões e profissionais que abraçam essa causa.
Sei bem o que é essa coisa da mulher que "diz" que quer um parto natural, mas que no fundo está só esperando chegar a sua vez de ouvir do médico "o bebê está passando da hora, vai ser cesárea", com 39 semanas de gestação. É tão triste... Só que mais triste ainda é ver o exército de mulheres que ignoram o momento mágico do parir. Que morrem de medo da dor. Que acham que parir é sofrer. Que acham mais legal marcar a cesárea pra poder "programar tudinho". Que acham que parto normal é perigoso, e sempre conhecem uma história de uma amiga cujo filho "quase morreu no parto normal". Eu fico tão frustrada com isso tudo...

Carol disse...

Ai, me canso de ouvir essas mulheres dizend que "querem tanto" um parto humanizado mas nao podem pagar. Confesso q nao abro mao do meu plano de saude, nao pro parto, mas sim pra uma eventual necessidade de internação caso tenha algum problema de saude. Mas desde antes de decidirmos engravidar, eu ja tinha certeza q teria um PD. Nao nego q minha situação $$ nao é das melhores, mas eu tenho ceteza q nem q precise de um emprestimo, ou faxinar a casa de alguem, eu terei meu PD. Adorei o blog.

bjinhus

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