- O parto Natural e humanizado de verdade - A maneira segura e emocionante de ajudar mulheres trazer crianças ao mundo

terça-feira, 30 de março de 2010

Exames Demais


Além das evidencias cientificas indicando os exames de rotina a serem realizados e os exames de investigação em casos suspeitos para uma patologia durante o pré-natal, existem profissionais que saem pedindo todos os exames dos quais se recordam, que poderiam ter alguma valia na gestação, mesmo que seja 1/10.000.000 e mesmo que nenhuma intervenção seja indicada ou possível.

Pedir um exame só por pedir, além de não ser racional, torna o sistema dispendioso, tecnocrático e indireto. Infelizmente os exames, em muitos casos, são pedidos sem sequer um exame físico que o indique ou mesmo descarte sua possibilidade.

Há exames valiosíssimos para ajudar a diagnosticar máformações, mas infelizmente muitos dos solicitados são feitos para satisfazer curiosidade e conferir segurança sobre uma insegurança infundada, não científica e de um cliente não examinado clinicamente.

É um hábito nos pré-natais particulares ou de planos de saúde brasileiros solicitarem uma USG por consulta, as vezes mais.

USG com Doppler de rotina, inclusive para baixo risco, virou uma febre. O que se pesquisa em uma gestante sem qualquer complicação com uma Doppler? Incisura? Suprimento para o feto? Pedância? Ou uma justificativa para a futura cesárea?

Exames demais afastam profissional e cliente e jamais substituirão uma boa anamnese e exame físico, coisa hoje em dia bastante desvalorizada.

E há o outro lado. Muitas grávidas confundem “falta de exames” com negligência. Ou seja, se há quem goste de passar muitos exames, há também quem goste de fazê-los.

Temos plano de saúde para ficarmos doentes em paz.
Temos remédios para não termos que lidar com o mínimo de dor.
Temos os profissionais que merecemos.
Temos o sistema que queremos.

Dizem “Melhor pecar por excesso!”, mas pecar por excesso na prática é tão grave quanto pecar por falta.

Claro que mulheres e profissionais para se defender desta postura, afirmarão que não sei o que estou dizendo, que esta é uma recusa fatal da tecnologia e que é mais uma loucura natureza. Mas minha advertência é contra o excesso apenas.

Quem faz o necessário e indica quando é racional, se sinta acolhido neste texto.

Hoje temos muito mais recurso do que há 100 anos... Mas o que temos feito com eles se os resultados perinatais não são tão bons quanto se esperava, mesmo com o excesso de tecnologia?

Não lhe parece que a teoria de que é melhor pecar por excesso não têm dado certo?
Não lhe parece simplista demais pedir e fazer exames sem saber o que procurar?
Cuidado e medo são coisas completamente diferentes.

sábado, 20 de março de 2010

Medo


Eu costumava ser bastante corajosa diante de qualquer parto.

Não sei se por inocência ou se por princípio, mas o fato é que eu não sabia o que era o medo.
Acreditava que se eu havia parido, em casa, com parteira, mesmo sem saber nada sobre parto humanizado, então qualquer mulher também poderia.
Afinal, tenho todos os argumentos...
Simples assim.

Desde então, vi muitas coisas acontecerem. Coisas boas e coisas não tão boas. E algumas delas, de alguma forma, me desencorajaram.

Poderia dizer que não tenho medo de nada, que não temo VBA3C, que pego o que aparecer, que meu limite é a vitalidade do bebê, a vontade da mulher e nada mais.
É obvio que tudo isso me fará tomar decisões, mas quero dizer agora que não apenas isso.

Preciso assumir que tenho um limite sim e que ele, as vezes, não é cientifico.
Que tenho instintos, que vou usar meus sentidos. Do sexto ao milionésimo sentido para saber se posso esperar um pouco mais.

Deus sabe o quanto é difícil e doloroso assumir isto, mas tenho que dizer: dentro de minha ainda grande coragem, existe medo.

Sei que não faço partos, no máximo ajudo – quem faz é a mulher -, mas nossa sociedade não perdoa seus desertores e anseia por um erro ou por uma fatalidade para rotular de erro e apontar seu dedo sujo.

Não importa que tantos erros aconteçam diariamente em toda parte deste país, mas quando houver o que falar de uma enfermeira obstetra ou de um profissional que acompanhou um PD, será uma oportunidade “indisperdiçãvel”...

Alguns me diriam para partir para outra então. Se não tenho coragem de assumir tudo completamente, seria melhor não assistir nada ou até mesmo, passar a acompanhar cesáreas de rotina.

A taxa de partos normais assistidos por mim ou ocorridos na minha presença ainda é alta, mas talvez pudesse ser maior. Sempre poderia.

Apenas não tenho conseguido viver com uma realidade de tanta pressão, como se ela não existisse, como se não me afetasse nem um pouco.
Não queria estar confessando isto, mas queria ainda menos ter que sentir.

Esta “confissão” é o tipo que os extremistas da humanização precisam para diminuir um trabalho bonito e movido à paixão. E talvez os cesaristas ou simpatizantes da cesária se compadeçam e pensem “Tudo bem, afinal mesmo assim você ajuda gente demais”... Nada disso me satisfaz.

Mas nem um nem outro entendeu é que nem o medo me engoliu e nem sou um poço de coragem. Essa é a minha história e ela tem suas tortuosidades ao longo do caminho.
E este não é o final.

Sei que faz parte da minha construção. Preciso lidar muito bem com os medos para então ter a coragem necessária para fazer este trabalho, esta missão pela qual fui escolhida e aceitei sem hesitação...
... Ajudar a fazer um mundo de paz através e desde o nascimento.

domingo, 14 de março de 2010

Gestantes Estimulantes

Não existe nada mais excitante na obstetrícia do que uma gestante empoderada e de baixo risco diz:

- Eu quero parir com você.
- Eu vou parir com ou sem você, mas gostaria que você fizesse parte disso.
- Se você não puder me ajudar, vou parir sozinha.

Essas são falas de mulheres muito donas de si, decididas e que têm as rédeas de seu destino. Não aguardam as mazelas e os caprichos da vida, não estão aqui a passeio.

Uma mulher com este perfil nos desafia profissionalmente. Mexe com a parteira que mora em nós e torna a proposta irresistível.

É uma pena que o mundo todo não comungue dessa opinião e dessa humanização, tornando a referencia, quando necessária, muito mais dolorosa do que naturalmente já é.

Além da questão clínica, o limite da segurança num parto é a mulher. E uma mulher consciente e determinada é o sonho de qualquer profissional humanizado, ensivel e coerente.

É quase um afrodisíaco a este trabalho, um antagônico ao veneno do medo que vive em algum lugar do coração de todos que acreditam na natureza, mas que mora beste sistema cruel que não perdoa seus desertores.

Mesmo que sigamos a ciência. Isso pouco importa no momento de crítica.

Tomara que mulheres assim sempre cheguem até mim. Pois esta confiança é sentimento básico que precisamos ter para continuar ajudando mulheres a se sentirem bem e para seus bebês nascerem em segurança e paz.

quinta-feira, 4 de março de 2010

As Conseqüências do Magnífico Parto da Gisele...

De repente o fato da Gisele Bundchen ter parido em casa não apenas tirou o nascimento natural da condição de clandestino e selvagem, mas o promoveu, dando-lhe um status jamais imaginado.

Talvez depois disso, alguma mulher desmarque sua cesárea ou mude de profissional ao perceber que não terá o parto que deseja com ele. Talvez a mulher tenha então a chance de compreender que seu parto poderia – e deveria – ser simples, mas no atual sistema é quase impossível. Que ela não pense mais que será o 1% que conseguirá parir devido a sua freqüência vibratória dentro de uma maternidade particular. E que, se deixar as coisas acontecerem, vai virar estatística e ser mais uma a explicar sua cesárea com ares de exceção à regra da natureza, sua “experiência de quase morte”...

Mas com o relato consciente de Gisele afirmando com cara de mãe dedicada que colocou seu filho no mundo ao lado de sua mãe, seu amor e sua parteira... Foi o evento público que mais expôs a opinião e o sentimento materno – geralmente deixado de lado. E em dimensão nacional, deu um bom tom, talvez até um status, ao parto natural, tão maltratado na teoria e na prática de nossa sociedade.

Claro que sempre haverão os preconceituosos, os corporativistas ou pessoas que não fazem questão alguma de ler trabalhos atualizados para constatar as evidências científicas Nunca espere unanimidade quando a vaidade e o novo estiverem em questão.

O grande lance é esta informação chegar à mulher comum que concebe, que gesta seres humanos e que precisa saber que cesariana não é brincadeira nem é inócuo, e que o parto natural é uma excelente alternativa. Diferente, mas não mais perigosa.

E depois da Gisele não duvide de mais nada, quem sabe até uma forma de nascer muito glamurosa.

Eles já me visitaram