Além das evidencias cientificas indicando os exames de rotina a serem realizados e os exames de investigação em casos suspeitos para uma patologia durante o pré-natal, existem profissionais que saem pedindo todos os exames dos quais se recordam, que poderiam ter alguma valia na gestação, mesmo que seja 1/10.000.000 e mesmo que nenhuma intervenção seja indicada ou possível.
Pedir um exame só por pedir, além de não ser racional, torna o sistema dispendioso, tecnocrático e indireto. Infelizmente os exames, em muitos casos, são pedidos sem sequer um exame físico que o indique ou mesmo descarte sua possibilidade.
Há exames valiosíssimos para ajudar a diagnosticar máformações, mas infelizmente muitos dos solicitados são feitos para satisfazer curiosidade e conferir segurança sobre uma insegurança infundada, não científica e de um cliente não examinado clinicamente.
É um hábito nos pré-natais particulares ou de planos de saúde brasileiros solicitarem uma USG por consulta, as vezes mais.
USG com Doppler de rotina, inclusive para baixo risco, virou uma febre. O que se pesquisa em uma gestante sem qualquer complicação com uma Doppler? Incisura? Suprimento para o feto? Pedância? Ou uma justificativa para a futura cesárea?
Exames demais afastam profissional e cliente e jamais substituirão uma boa anamnese e exame físico, coisa hoje em dia bastante desvalorizada.
E há o outro lado. Muitas grávidas confundem “falta de exames” com negligência. Ou seja, se há quem goste de passar muitos exames, há também quem goste de fazê-los.
Temos plano de saúde para ficarmos doentes em paz.
Temos remédios para não termos que lidar com o mínimo de dor.
Temos os profissionais que merecemos.
Temos o sistema que queremos.
Dizem “Melhor pecar por excesso!”, mas pecar por excesso na prática é tão grave quanto pecar por falta.
Claro que mulheres e profissionais para se defender desta postura, afirmarão que não sei o que estou dizendo, que esta é uma recusa fatal da tecnologia e que é mais uma loucura natureza. Mas minha advertência é contra o excesso apenas.
Quem faz o necessário e indica quando é racional, se sinta acolhido neste texto.
Hoje temos muito mais recurso do que há 100 anos... Mas o que temos feito com eles se os resultados perinatais não são tão bons quanto se esperava, mesmo com o excesso de tecnologia?
Não lhe parece que a teoria de que é melhor pecar por excesso não têm dado certo?
Não lhe parece simplista demais pedir e fazer exames sem saber o que procurar?
Cuidado e medo são coisas completamente diferentes.