Eileithya - A Deusa do Parto
No momento, me encontro esperando para participar de meu primeiro Parto Domiciliar, além dos meus dois, claro! Depois de vários partos hospitalares finalmente este está chegando.
Esperar um parto de uma mulher é também esperar o próprio parto.
Quando acompanho uma gestante que realmente quer viver seu parto, eu engravido também. Não sei explicar, só gosto que seja assim.
Mas nada como acompanhar uma mulher que acredita em si.
Estou aqui para ajudar qualquer uma que queira tentar, mas duas coisas me emocionam demais: uma mulher que confia piamente em si e a mulher que nasce, que se descobre em seu parto.
Talvez para quem olhe de longe, acompanhar parto de mulheres de baixo risco (vulgo “Filezão” na obstetrícia) seja fácil e nada desafiador. Mesmo assim há poucos que decidem sair da teoria e fazer, o que prova que a crença de é fácil é uma mentira. Os profissionais têm pânico de assistir PDs simplesmente porque não sabem, têm muito medo e também porque não querem ter o trabalho de aprender.
Ou seja, falar que é fácil é fácil!
Mas o grande lance de ser assistente de partos naturais é se dispor a aguardar, abrir mão de feriados, reconhecer o que é natural, o que foge ao fisiológico, saber o limite, enfim sentir, esperar saber e fazer...
O mérito estar em viver de fazer o bem. Ter salário vindo de boas vindas aos bebês, de mulheres extasiadas e pais sem palavras. Não há melhor profissão no mundo!
Às vezes me sinto egoísta por ser tão apaixonada por partos. Afinal faço isso por mim também. Me sinto bem, revivo as minhas próprias experiências, tomo emprestadas as emoções de outras mulheres, ajudo a construir um mundo melhor para mim e para os meus filhos.
Quero dizer que não faço isso somente por altruísmo.
Existem momentos, onde eu gostaria de não ser tão apaixonada, porque sofro pessoalmente quando não dá certo, porque me envolvo demais, porque parto é coisa séria e deliciosa demais pra mim.
Mas sou assim, pois simplesmente não há outra saída. Não há mérito nem demérito. Simplesmente nada mais me satisfaz tanto. Nenhum outro trabalho me traz o que este me traz. Nada mais me envolve, realiza e me faz tão feliz.
Quando eu assisto um parto não faço por caridade, não faço só pela mulher, mas também não faço só pior mim. Eu faço por um mundo melhor que acredito virá através das crianças que vem ao mundo através das minhas mãos.
É um trabalho difícil, porém também digno, importante e belo. Um sacerdócio que não deixa oportunidade de escolha para seus devotos por ser tão sedutoramente simples.