- O parto Natural e humanizado de verdade - A maneira segura e emocionante de ajudar mulheres trazer crianças ao mundo

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Uma bela segunda Chance

Há uns 3 anos, no PSF durante uma consulta para exame preventivo, conheci uma moça que darei o nome de Sofia. De cara, houve uma simpatia e confiança recíprocas. Durante os questionamentos rotineiros, perguntei sobre já ter tido sua primeira vez. Ela até tentou contar somente o essencial sobre sua vida sexual com o então namorado. Mas logo isso deixou de ser possível.
Eu não estava preparada praquilo.
Aos 8 anos, depois da escola, seus irmãos foram embora mais cedo e ela ficou brincando com umas coleguinhas ali perto. Ela só se lembra que, de repente, alguém a agarrou por trás e de ter acordado no hospital machucada. Simplesmente não se lembrava de mais nada e não sabia o porquê. Aquele ser a violentou tão gravemente quanto nas notícias que lemos em jornais sensacionalistas sanguinários.Com lágrimas nos olhos, mostrava sua incompreensão diante daquele ato sem demonstrar qualquer traço de ódio por aquele homem que ela jamais saberá quem era.Eu, pega de surpresa, não sabia que feições usar, que gestos fazer, que posição tomar...

E ela, em sua sabedoria simples, compreendeu.Contou que este era um assunto proibido na família. E há 10 anos, sufocava esta dor, solitariamente. Estava no seu limite emocional e chorava copiosamente.Foi uma das minhas passagens profissionais mais intensas e tocantes até então.

Desde este dia, nos vimos poucas vezes, mas em nosso olhar, é como se sempre trocássemos algo, como se soubéssemos algo muito íntimo sobre a outra, dividíamos o nosso segredo como duas amigas de infância.Ela se mudou de bairro e eu de PSF e novamente caímos no mesmo lugar, enfermeira - paciente - amiga. Agora ela estava grávida, falando bem de mim para as outras gestantes num momento em que isso era importantíssimo, e eu amei revê-la e ter a chance de cuidar mais um pouquinho daquele corpo e daquele coração tão feridos.Ela depositava em mim todas as fichas. E eu me aproveitei disso para lhe fazer o bem que eu precisava fazer a ela.

Dei meu celular, como não tenho o hábito de fazer, conversei, orientei e ela sempre fazia tudo que eu pedia. Mas nunca mais falamos sobre aquele assunto. Às quase 35 semanas de gravidez, ela me ligou falando sobre a perda do tampão mucoso. Eu a acalmei e pedi para avaliá-la no dia seguinte. Percebi que o colo estava dilatado praquela idade gestacional e o bebê, já descendo. O obstetra que a avaliou a seguir, concordou e também recomendou repouso.Uma semana depois, a bolsa rompeu, ela me ligou e pedi para ir tranqüila ao hospital. Nem precisei dizer que eu ajudaria em seu parto... Aliás entre nós este tipo de coisa nem precisava ser falado....Fui ficar com ela na maternidade. As contrações ainda eram espaçadas e não muito dolorosas, mas já estava com antibioticoterapia preventiva.. .

Enfim, usei nossos modestos recursos, bola, barra, caminhada e também a deixei um pouco em paz para seu cérebro primitivo trabalhar sossegado.Neste meio tempo, meu marido trouxe minha filhotinha de 9 meses para eu amamentar no hospital e matar um pouco a tradicional saudade. E esvaziar meus dedicados seios.

Eu, há tempos, “enamorava” uma obstetra - já uma senhora, recém contratada, com uma formação tradicionalista, mas muito interessada nas novas tecnologias para o parto natural – deixar parturientes escolherem posições espontaneamente, proteção períneal para evitar episiotomia de rotina, etc.
E Deus é tão bom para os humanistas que era o plantão dela!

Conversei bastante com ela sobre tentarmos assistir o parto da Sofia de cócoras, no leito e que eu faria a proteção perineal. Ela colocou soro com ocitócito e confesso que não tentei impedir porque receava que o parto demorasse e ela indicasse uma cesárea que era tudo que Sofia não queria.As dores ate então suportáveis aumentaram e o parto engrenou definitivamente. O colo, antes estacionado, começou a abrir e dar passagem ao bebê que decidiu descer. Logo depois, fiz um toque e vi que o bebê já estava bem baixo e o colo apagado e fiquei quietinha na minha. A médica ia fazer outro toque e eu disse estava evoluindo bem e o bebê havia descido mais. Com isso, ganhei mais tempo para a Helena (o bebê) fazer seu trabalho sossegado. Às vezes bradicardizava, mas voltava bem das contrações.

Perguntei a Sofia se queria ficar de cócoras ou outra posição e ela não quis. Ficou agressiva, como qualquer mamífero parindo sob holofotes. Quase bateu na cunhada quando foi fotografar, queria quebrar a máquina e ameaçou gritando não fazer mais força se ela mexesse na câmera!

A obstetra não resistiu a fazer outro toque e disse “já esta aqui embaixo!”. Eu perguntei “Vamos fazer aqui?” e ela concordou com a cabeça. Deu-me as compressas para proteger o períneo e chamaram a pediatra...A bebê coroou. Protegi o períneo na saída da cabeça e a emoção era tão grande que até esqueci de proteger durante passagem do corpinho. Tentei sutilmente impedir que a obstetra puxasse, mas ela não entendeu. Deve ter pensado “Como assim não puxar?”.Ela então veio, linda! Quase 2.800g. Não chorou rápido tamanha paz, mas o apgar deve ter sido bem alto, dava pra sentir. Logo ela veio pro colo da mãe aliviada.À cuidadosa inspeção, uma pequeníssima laceração superior que pedi a obstetra para não suturar e ela aceitou. Um períneo, na prática, íntegro que voltava rapidamente ao seu estado habitual.

Quase simultaneamente uma outra parturiente começou a parir. Coloquei-a de quatro e ela não queria sair desta posição, mas a pediatra pediu para levá-la a sala de parto para aspirar (a 2 metros de distância) porque tinha mecônio (como assim???). A obstetra contaminada com a humanização não pareceu muito afim, mas acabou levando. O períneo estava bem mais rígido, mas eu pedi para não fazer episio mesmo assim. Sei que não devia, mas tentei “amaciar” com os dedos, porque sabia que laceraria naquela posição horrível da mesa de parto. Então o bebê nasceu sem cortes provocados, com uma laceração facilmente suturável (que durou uns 15 minutos). O marido estava na sala e ficou muito emocionado. A nova mamãe chorava de emoção. O mecônio, como eu já esperava não fez mal algum ao filho e ele veio rápido para os seus braços.

Falei à obstetra que eu precisava ir porque já estava tarde e meus seios estavam cheios de leite. Ela agradeceu muito a minha ajuda. E o legal é que eu realmente senti esta honesta e surpresa gratidão.

Voltei à Sofia para me despedir. Ela também me agradeceu muito... Tinha aquela cumplicidade no olhar que se entende tudo, tão peculiar entre nós. Combinei de voltar no dia seguinte e dei-lhe os parabéns.

Fui embora de alma lavada. Minha mãe estava em minha casa de passagem e pouca atenção pude lhe dar. Acordei cedo no dia seguinte para voltar ao trabalho, afinal tinha sido apenas uma segunda feira agitada. Fui vê-las e mais uma vez demonstrou sua gratidão, pediu desculpas se tinha feito algo errado e respondi que era eu que devia agradece-la por ter permitido fazer parte daquilo.

Me traz muita confiança ter este tipo de atuação, mas o que mais satisfação é poder dar as pessoas as ferramentas que necessitam para se empoderarem de seus destinos e fazerem sua própria historia. Eu não estava lá por interesse. Nem mesmo recebi pelas horas que fiquei ali. Mas sei que foi um trabalho importantíssimo. Devagar, comecei a ajudar outras mulheres a parirem com dignidade e seus bebes a nascerem mais felizes. Acredito que assim, posso ajudar a construir um mundo melhor. Mas neste caso específico, evitando seja o corte da cesárea, seja o corte da episio, evitei mais uma violência contra àquela mulher. Um dia, aquela vagina e aquele anus tinham se tornado uma coisa só. Mas desta vez, ela estava intacta. Aquele períneo, um dia violado, desta vez estava perfeito. Conseguimos fazer seu bebe nascer sem machucar aquele local, antes desfigurado pelo estupro. Sua intimidade desta vez foi preservada. Conseguimos trazer seu maior bem ao mundo sem violá-la mais uma vez.
Talvez você não entenda o que estou dizendo e eu não sei se consigo explicar o que sinto. É difícil compreender sem passar pela situação e sem ter noção da sutileza sexual feminina. O que posso dizer é que foi o compromisso pessoal de uma mulher com outra. Eu sei que, se não estivesse lá, a Sofia sofreria outro corte, mas minha participação deu a ela um parto seguro, intenso e humanizado, não simplesmente um evento médico sem emoção. Zelar pela sua intimidade era essencial para a sexualidade daquela mulher e nosso mérito está em termos vencido esta pequena batalha. Mas ter ajudado foi essencial pra mim.

Estou muito feliz por ter feito parte da historia desta admirável mulher. Não só mãe e bebês estão vivos, mas também estão íntegros, apaixonados e cheios de dignidade.

Este é meu maior trabalho e minha doce vitória.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Tecnologias...

Os argumentos contra o Parto domiciliar é que são ultrapassados e ilógicos! Dizem que a tecnologia deve ser usada quando necessária, mas não dão a mesma ênfase a evitá-la, quando desnecessária. Negar o PD é contradizer (sem bons argumentos) uma história de indiscutível sucesso.

Devemos a ele a existência da humanidade. A ele e às parteiras tradicionais, antes chamadas de “bruxas” e agora de “curiosas”. Realmente... bruxas e curiosas sabem demais. O parto natural tem lá suas "tecnologias". Não dispõem de objetos metálicos protrusos, maquinas que fazem “PIP”, focos luminosos ou técnicas sofisticadas para fazer o que a natureza faz há milhões de anos sem muito esforço. Mesmo assim é uma "tecnologia" pra ninguém botar defeito.

Nossa sociedade medicocêntrica e pouco crítica crê em corpos altamente defectíveis, incapazes de resolverem-se por si só. Com medo de uma dor que pode nem existir, pedimos, negociamos, exigimos e barganhamos uma cirurgia arriscada para a retirada de bebês imaturos por meio de um corte em nossos sagrados úteros, sem sequer questionar. As vezes, sem parar prara pensar em como o bebê se sentirá sendo extraído do único mundo que conhece até então, antes de seu tempo. Uma atitude que tem como base o que é aceito culturalmente, que normalmente deixa a lógica e a ciência de lado.

A mulher diz que “quer” um parto normal, mas não se informa sobre a taxa de cesárea de seu obstetra tem uma chance imensa de ter uma cesarea. Normalmente se recolhe e se submete por medo. Simplesmente coloca sua vida e de seu bem mais precioso nas mãos de um médico (um ser humano como eu e você) e o responsabiliza pelo sucesso ou fracasso do procedimento que ele escolher e fizer. Não duvida, não critica e aguarda uma indicação médica no horário comercial para enfim “precisar” de uma cesárea salvadora. E tudo bem porque afinal, mãe e bebê estão vivos... Não é isso que importa?

O irônico é que, enquanto a OMS fala em 15% de cesáreas (no máximo), sendo o ideal de 8 a 10%, quase todas as mulheres com planos de saúde que conhecemos tiveram "indicação" clínica para fazê-las.

Ou demos o azar de conhecermos exatamente todos os 15% ou grande parte das mulheres está sendo enganada passiva e facilmente.

As cesáreas realmente necessárias são valiosas, mas jamais deixarão de ser seriamente perigosas só porque a sociedade se acostumou.

Por que não devolver à cesárea seu caráter de recurso médico? Sem preconceitos, conveniências e sem vaidades...

O bebê tem poucos desejos no útero materno, mas é certo e comprovado que tem apego á mãe e à vida. Se pudesse se expressar, nenhum bebê escolheria nascer assim, se lhe fosse dada alternativa. Simplesmente porque não é de sua natureza!... Qualquer um que já tenha visto uma cesárea com sensibilidade, percebe isto. É só olhar.

Esta forma de nascer pode trazer à criança insegurança, medo e até desespero. Ele é rapidamente mostrado à mãe e levado aos primeiros cuidados, longe dela.
Sua primeira percepção não foi materna, mas médica. O fato de não querer pensar nisso, não faz com que não aconteça. É obvio que este modelo de assistência ao parto já começou a rolar ladeira abaixo. Não agüentaremos por muito tempo.

As conseqüências deste afastamento mãe-filho nos primeiros instantes de vida, acompanhados de partos traumáticos ou cesarianas forçadas, estão se revelando mais tarde na sociedade.
Somos ativistas. Nem todo mundo precisa ser. Se você pelo menos tomar um rumo diferente, por sua decisão, já terá valido a pena. Como diz Odent, para mudar o mundo, precisamos mudar a forma de nascer.

Acredito que hoje, o parto domiciliar seja a única forma de reunir todos os componentes necessários para nascer feliz. E começar a mudar o mundo. De fato.

Mulheres de Princípio

Observando fotos das mulheres da rede Parto do principio, chego à clara conclusao de que sao realmente mulheres diferentes do usual. Nem melhores nem piores, antes que os críticos de plantao levantem a voz. Mas que sao diferentes são. Nao so pelos nomes, geralmente curtos, de significados profundos que dão aos seus filhos. Kael, Cora, Lis, Luigi, Luna, Loup, Liv ou mesmo Klauss e Aglaia!... Alias, nomes tao expressivos não sao mais do que o reflexo do que todo um comprometimento pessoal e especial com o parto. São mulheres diferentes entre si, entretanto com algumas semelhanças básicas. São sempre curiosas, corajosas, abertas, intensas, livres, femininas, intimamente ligadas aos seus filhos e sua educação e... Iinteressadas em dar boas vindas a eles em seu primeiro momento de vida. Outras mulheres tambem têm essas caracteristicas, embora nao tenham atentado para o quanto o parto natural é seguro e essencial npara o relacionamento mâe-filho. E há várias de nós por aí que ainda não descobriram que comungam do mesmo princípio. Quem sabe você! Alguns nos chamam de exageradas. Dizem que o parto nao é lá essas coisas e eles têm razão: é muito mais do que "essas coisas"! O parto nos tocou, porque nao é um evento arriscado ou uma passagem corriqueira. Não é assim que deve ser. O parto pode ser somente a forma como o bem mais precioso, o filho, vem ao mundo. E para outras, nós, é um divisor de aguas, um momento estritamente sexual, profundo e inexplicãvel como um orgasmo. Pena que nada que se possa falar, possa fazer outras mulheres - como é o caso de voce que está lendo isso agora - pensarem como nós, sobre a magneficência que um parto pode ser. Eu realmente gostaria de poder traduzir em palavras o sentido que meus partos fizeram em minha vida. Eu queria poder te comover, te fazer sentir como eu me senti. Queria poder te tocar para, pelo menos por um instante, voce divagar sobre o que pode ser um parto na vida de uma fêmea mamífera, que é simplesmente o que somos quando trazemos nossos bebês ao mundo. Mas o que eu poderia fazer antes que voce me contasse mais uma historia tragica de parto normal ou mais uma historia de como a cesárea "salvou" sua mãe, sua irmã ou voce e seu bebê da morte? Apesar desta cirurgia ter sido criada para isso, infelizmente, não é o que ela tem feito usualmente em nosso país (como sempre na contramão dos desenvolvidos). E você pensaria seriamente a respeito, se eu te desse mil explicaçoes científicas? Eu as tenho, mas quem as quer? Ou vai optar pelo medo como ja vi tantas outras antes de você? Eu e essas mulheres faríamos qualquer coisas para mostrar que o parto é uma etapa essencial da educação que daremos aos nossos filhos. Ou correriamos atras dos artigos cientificos que mostram claramente que não somos malucas, mas... Adiantaria? Além disso, o que nos motiva é algo além disso e isso nao esta escrito em lugar algum... Só em nossos corações. Se você e alguns médicos puderem compreender esse outro nível, essa coisa além que é um parto natural, jamais nos questionariam sobre riscos e a possibilidade de cesárea por opção. Se a a ciência e o sagrado sobressaíssem ao preconceito, a verdade emergiria e o pensamento da sociedade seria bem diferente. Nós somos mulheres que não correm da dor, se ela for trazer ainda mais força. Que desafiam o sistema por amor. Isso nao se ensina. A ciência é o alicerce do do parto natural, Não é perigoso, não é inseguro, não é coisa de bicho grilo natureba: é coisa de mulher. Somos fortes, frágeis, esposas, mães que lutam por seus ideais, desafiando toda a maré. Mulheres que não vêm problemas em serem meio bicho... Somos mulheres de fibra, maternais, apaixonadas e cheias de vida. E muito mais... Mulheres de princípio. *Uma homenagem a rede Parto do Princípio.

Decisão

É tristemente comum, uma mãe dizer que tentou um parto normal ou amamentar e não conseguiu.
Infelizmente para conseguir estas coisas, querer somente, não basta.

É possível ter estas experiências, mas é muito difícil sem apoio familiar– do pai em especial - e dos profissionais que a rodeiam.

Se a mulher acreditar que não tem passagem, que seu bebê é grande demais ou que uma cirurgia pode parir melhor do que ela mesma, se submeterá facilmente a uma cesárea “necessária” e de urgência (porém marcada); ou concordar com seu pediatra que seu leite não esta sustentando, que seu leite faz mal ou que a vaca tem melhores condições que ela para amamentar seu bebê humano, se deixará levar pelas maravilhas paliativas de chupetas coloridas e mamadeiras engraçadinhas...

Se esta mãe não acreditar em si mesma como a melhor provedora do melhor nascimento e alimentadora biológica de seu filho, como ela conquistará a autoconfiança necessária para fazer todo o resto?

Parir e amamentar são os primeiros grandes desafios da mãe moderna. Os profissionais, recebem pouco pelos procedimentos e se acomodaram em cirurgias agendadas, outros “acreditam” que as mulheres não são perfeitas para prover seus filhos em seus primeiros anos de vida, não estimulam as coisas naturais.

As mulheres, por sua vez, não confiam em si mesmas e se apóiam completamente em maldizeres alheios sobre sua capacidade inata e divina de ser mãe em todos os sentidos.

Não adianta ser vegetariano, entrar numa churrascaria e querer ser bem servido. Você pode até se alimentar, mas não vai poder exigir muita coisa. O mesmo acontece com as mulheres que querem parto vaginal e se consultam com profissionais de histórico alto de cesárea.

Há obstetras que desencorajam o parto, desde a 1ª consulta. Que indicam cesárea com falsas justificativas clinicas, submetendo crianças à prematuridade, às difíceis UTIs-neo e os pais, a um sofrimento desnecessário.

Seu assistente de pré-natal de parto é um prestador de serviços, como seu advogado e seu arquiteto, merece tanto respeito quanto qualquer outro profissional. Se você se sente enganada ou se a casa que o arquiteto não tem , são responsabilidades profissionais e você tem o direito de reclamar e exigir seus direitos em qualquer situação. Se não somos atendidos, se o profissional não têm a prática adequada ao desejo que temos, trocamos! Não tentamos convence-lo do contrário! Por que um obstetra, que é um profissional responsável, teria o direito de te submeter a uma cesárea sem você querer?

As pessoas fazem o que são treinadas para fazer... Então, se quer um parto normal, reflita e vá atrás de alguém que atenda à sua necessidade. Logo. Escolher uma pessoa assim para FAZER seu parto, não tem como dar certo e isto sim – não o parto em si – gera frustração.

Quem quer um parto empoderador, tem que começar, procurando um profissional que pense semelhante. Que a deixe a vontade, que não tenha mil compromissos, uma pressa inexplicável, enfim, que seja disponível. Que acredite que, no máximo, AJUDARÁ no parto, mas não que irá fazê-lo por ela. Tem que estar em sintonia, que seja, antes de tudo, um parceiro e, em algum nível, até amigo. Pode parecer exagero, mas se não for desta forma, esta futura mamãe acabará com o coração partido numa cesárea ou num parto difícil e cheio de intervenções desnecessárias... O que também atrapalhará a amamentação, porque, sem a ocitocina biológica do parto e cheia de dor pós-cirúrgica, seu leite demorará mais a descer e terá dificuldade em se posicionar. Tem tudo a ver.

As mulheres que têm cesáreas podem amamentar, mas há uma dificuldade a mais. Isto é, inclusive, uma orientação do Ministério da Saúde: incentivar o parto para, dentre muitas outras vantagens, facilitar a amamentação.

A mulher precisa da segurança que a capacidade de parir e amamentar traz. Isso não é pouca coisa nem é besteira.

Então, para começar a conversa: procure o apoio do profissional que tenha a ver contigo! Não espere milagres! Faça o milagre acontecer. Não caia em qualquer conversa. Procure outras opiniões, leia, vasculhe. A informação é muito mais fácil hoje em dia e nunca é demais. Basta procurar no lugar certo. Tenha sempre em mente que a cesárea não foi criada para ser uma opção, porque é um ato médico e agressivo, o último recurso. O parto normal não dói tanto assim (a menos que seja cheio de intervenções) e, além de existirem recursos para alívio, há mulheres que nem sentem dor. O parto normal natural também não desfigura a vagina nem atrapalha sua vida sexual, pelo contrário! Às vezes deixa a mulher até mais relaxada com seu próprio corpo, assumindo melhor sua sexualidade. Esta é uma experiência bastante relatada entre as mulheres que pariram naturalmente.

Amamentar e parir não é só legal, mas fundamental. Acredite que pode, procure o apoio, se prepare e vai acontecer. Seu corpo é perfeito. Você é capaz de tudo que quiser e estas são oportunidades únicas de experimentar sensações deliciosas e que você passará 2 ou 3 vezes, no máximo, em toda sua vida. Faça valer a pena. Porque, cá pra nós... Vale muuuuiiiito!

Se quiser, depois volte para contar como foi. Há vários grupos na Internet que podem ajudar. As verdadeiras indicações de cesárea são muito restritas. Não passe os melhores instantes de sua vida deitada e anestesiada sem necessidade, por favor!

E quando for necessário, seu profissional de confiança e seu coração vão saber e compreender muito bem, sem críticas e sem inseguranças o melhor caminho a percorrer. Mas a decisão de desejar é intransferível.

Pra que parir?

Muitas pessoas que vêem toda esta movimentação feminina e profissional pró-parto normal nos perguntam como pode ser melhor ter um parto demorado, dolorido e improgramável, do que uma cesárea rápida, anestesiada e com dia e locais previamente marcados, “sem” surpresas.
Como se é tudo apenas a forma de trazer a criança do útero pra cá fora? Como pode ser mais emocionante se ser mãe é ser mãe, independente da forma como o bebê nasce?!

Não vou nem tocar no aspecto do risco meramente físico, porque me recuso a acreditar que a maioria das pessoas informadas escolheria cesárea, que é a opção de maior risco. Não deve ser tão comum uma mulher verdadeiramente instruída quanto às possíveis conseqüências e livre de preconceitos escolher uma via de parto que proporciona a si mesma e ao filho mais riscos de doenças e morte.

É obvio que há um equívoco social tendencioso pró-cesárea, o vulgo preconceito. Se a escolha da cesárea estivesse diretamente ligada à informação, as norueguesas, dinamarquesas, japonesas e suíças não escolheriam o parto normal> Nesses países temos as mulheres com melhor qualidade de vida do mundo, as mais ricas, as mais inteligentes e saudáveis, respectivamente. E em todos eles, a taxa de cesárea é menor que 15% contra nossa media nacional de 30. Mas no Brasil, um país lindo e diversificado, mas também subdesenvolvido, cheio de preconceitos – e peculiaridades – tinha que ser diferente.

Aqui supervalorizamos a tecnologia descriteriosa. Como se, em qualquer situação, o uso indiscriminado da tecnologia significasse qualidade. "Melhor pecar por excesso".

Menosprezamos nossas parteiras, cujas mãos trouxeram ao mundo toda nossa ascendência. Diminuímos a sabedoria popular por papel e carimbo. Trocamos os milenares chás por comprimidos sem maiores questionamentos, desde que o desconforto passe. Mesmo que a paz seja momentânea. E cara. E escolhemos a cesárea... Para não sentir nada. Escolhemos o remédios... Para não sentir nada. Escolhemos a ignorância... Para não sentir nada.

Eu quero sentir tudo. Eu vim a este mundo para sentir. Para fazer a diferença. Não para viver anestesiada nos instantes mais significativos da minha vida, não para ser mais uma. Vim para amar, admirar, encantar e me encantar, comover e me comover, para chorar e as vezes ate para me entristecer, me acabar e depois dar a volta por cima. Viemos para muitas coisas, menos para não sentir, não nos entregar. Viemos a este mundo para sermos humanos, gente e mulher.

Não faz sentido cantar “o acaso vai me proteger...” e temer cada surpresa, cada susto que se leva com medo de qualquer coisa que se mova. Ignorando as complicações corporais de uma cirurgia como a cesárea, ainda temos as desvantagens psíquicas, como o aumento da probabilidade de desenvolvimento de psicose e depressão puerperal e redução drástica do sucesso da amamentação.

A mulher operada dificilmente dará o primeiro banho em seu filho e terá dificuldades ou talvez nem possa realizar outros primeiros cuidados com o bebê afrouxando o vinculo ainda mais. A mulher que se submete a cesárea (com ou sem necessidade), pode estabelecer uma relação tão boa ou melhor com o filho do que a que pare de fato. Mas ela não poderá recorrer aos mesmos fatores instintivos/hormonais comprovadamente só liberados após o parto vaginal.

A mulher cesareada acapa precisando lançar mão de outros recursos peculiares à especie humana como o desejo consciente da maternidade e a vontade de realizar outras atividades maternas, como a amamentação, por exemplo. Porque a ligação biológica já lhe terá sido furtada.

Pra que parir? Eu poderia responder que é mais seguro simplesmente. Entretanto, é para trazer nossos filhos ao mundo de uma forma menos violenta que deu certo por milhões de anos. Seria também romântico e religioso afirmar que foi a maneira pela qual Buda, Maomé e Jesus nasceram. Mas hoje em dia, quem se importa?

De qualquer forma parir é um dom divino. E como todos os dons divinos, não podemos deixar que tirem isso de nós. Principalmente quando não é por razões tão nobres.

Tantos leigos e profissionais nos chamam de radicais por darmos preferência ao parto normal. Nós e a ciência, os radicais. Mas estamos apenas sendo corretos. Não pedimos nada além do que é certo, seguro e ético. O contrario disso é que é errado. O parto não tem que doer, não tem que fazer sofrer, não tem que violentar. A luta é fazer o parto e o nascimento não se banalizarem. Fazê-los valerem a pena. Porque valem.

Segurança e parto domiciliar

As pessoas que são contra o Parto domiciliar sempre usam os mesmo argumentos: falta de tecnologia para o caso de algo dar errado.

Quando um leigo diz isso, fica muito claro que a tecnologia, em sua carapuça de ciência, substituiu o clero em quase todas os povos. Liderando ou oprimindo num jogo difícil de jogar, baseado, antes de tudo, medo. Jamais serão negadas as vantagens da tecnologia bem utilizada. Jamais.

Mas também não podemos deixar de criticar a dependência doentia que as sociedades promoveram, levando a excessos que nos limitam ou prejudicam ainda mais. Então, toda vez que uma mulher maldiz ou teme o parto natural/domiciliar esta simplesmente reproduzindo este conceito, geralmente sem qualquer reflexão. "Fundamentada" somente em mitos e pré-conceitos, construídos pela cultura capitalista hospitalocêntrica e tecnocêntrica.

Porém quando um técnico da área tem esta mesma fala, há muitas coisas por trás, inclusive medo - ou pavor - do que não é previsível. Mas há também corporativismo, falta de abertura ao novo/tradicional/fisiológico. Técnicos de saúde são formados para intervir.

Aprendemos as técnicas que dizem ser melhores do que a própria natureza e acabamos acreditando nisso. A maior parte nem tem a dimensão do dano genital que provoca, quando faz uma episiotomia. Acredita que está preservando um períneo e nunca pararam para pensar que períneos sadios precisam de proteção, não de corte. Mesmo uma incisão retilínea, planejada e calculado, como o de uma episio. Não se protege cortando!

Quando negamos o parto domiciliar, não estamos apenas negando os estudos internacionais favoráveis, mas principalmente contrariando toda uma história de sucesso que é o nascimento humano. Este bípede “racional” que quer intervir até no que já é perfeito.

A sociedade não tem o direito de maltratar as parteiras, porque é a elas que devemos nossa existência. É a esse conhecimento que desmerecemos por não compreender, que devemos nossas vidas. Sua sabedoria empírica e cheia de superstições ainda trazem ao mundo muitos homens e mulheres de bem.

Beira a ingratidão maldizer o trabalho dessas mulheres que quase sempre trabalham de graça, sem dia ou hora para descansar, em detrimento de tantos profissionais que, infelizmente, não perdem noites de sono nem um dia de suas férias, graças às suas cesáreas bem programadas e bem realizadas.

Dificilmente uma mulher não conseguiria parir se não tivesse acesso a um hospital. Dia desses, li um trecho de um estudo que diz que, se as mulheres em trabalho de parto fossem deixadas à própria sorte, mais de 92% pariria sem problemas. Ou seja, quase todas as outras (8%) paririam com muita dificuldade ou complicação. E nossa realidade mostra os hospitais particulares com 80 a 98% de cesáreas pelos motivos mais questionáveis. Ou seja, talvez tivéssemos menos complicações obstétricas e neonatais do que temos hoje, se as parteiras dominassem a assistência ao parto no Brasil...

O parto domiciliar planejado é seguro, não só porque sempre deu certo, mas porque ainda dá. Nossas parteiras modernas (médicas e enfermeiras obstetras) têm baixíssimos níveis de cesárea (não mais do que 5%) e nenhum óbito. E por compreenderem plenamente a fisiologia feminina, dominam bem técnicas que não atrapalham o trabalho de parto e utilizam muito bem a tecnologia só mandam para o hospital mães ou bebês que saem do padrão de normalidade.

Perfeito: tecnologia para quem precisa de tecnologia. Os letrados que não aceitam o parto domiciliar, geralmente têm alguma insegurança. Durante a formação o que se vê são partos longos e muito difíceis, cheios de intervenções. E, como o fisiológico não é respeitado, acabam tendo que lançar mão de ainda mais tecnologia invasiva (= intervenção agressiva). Geralmente, bebês que vêm de partos assim têm mais dificuldades em se adaptar aqui fora, um ambiente totalmente novo e que já o recebeu com cânulas, sacodes, esfregões, às vezes até tapa no bumbum, injeções com vacina e vitamina... E para coroar, levam-no para uma incubadora quente (mas tão fria...) para longe da única pessoa que conhece.

Vendo por este ângulo, é bem mais fácil compreender porquê recém nascidos vindos de partos tradicionais (mais longos e com mais intervenções) tenham proporcionalmente mais complicações na saúde (internações em UTI neo, tempo de observação prolongada, etc) do que os de partos naturais (domiciliares e casas de parto, por exemplo).

Então, esses profissionais acham o parto domiciliar tão perigoso, porque sua realidade hospitalar é totalmente outra. Mas pelo menos, conehcem bem o hospital que também serve para esconder inseguranças... Além disso, estas pessoas sequer participaram de um parto em casa para constatar que é uma realidade completamente diferente. Se assim fosse, teriam outras conclusões.

O fato é que não ninguém tem o direito de criticar ferrenhamente nada que não conheça ou que acha que conhece baseado em experiências de outros. Então só deve ser relevante a opinião do obstetra que já vivenciou um parto domiciliar. Senão, é especulação. Até porque os estudos dizem cada vez mais fortemente que, para gestantes de baixo risco, um ambiente agradável e o mínimo possível de intervenção é o ideal.

Aliás, os países que têm esta política “coincidentemente” também tem os melhores indicadores de saúde materno-infantis do mundo. Isso deveria ser digno, pelo menos, de reflexão, não dessa rejeição preconceituosa e gratuita. Mas as mulheres logo resgatarão seus direitos e, principalmente, seu poder. Pleno e inalienável.

E quem esta remando contra a correnteza vai ter que mudar de rumo. Senão vai ficar pra trás.

Ministério da Saúde e ANS

Eu não poderia deixar de falar sobre ambos.

Se o Brasil esta para deixar de ser campeão amargo mundial em taxa de cesáreas, muito disso tem a ver com o MS e ANS, este segundo mais recentemente. As operadoras de saúde precisavam deste sacode para diminuir os absurdos índices de cirurgias de retirada de bebês sem nenhum critério médico sério.

Graças a Deus, à ciência e, naturalmente, aos órgãos de saúde internacionais, há base para tudo que dizem os humanistas há anos. A verdade está do lado certo, sempre. Se fossemos meia dúzia de gatos pingados sem apoio, com certeza este movimento já teria ido por água abaixo. Porque as tentativas de desmoralizar o corpo feminino e os que acreditam nele, não são poucas.

É claro que devo um capítulo especial às mulheres que não estão mais se contentando com qualquer coisa. Mas quis falar sobre estes órgãos, pois estão diretamente empenhados em diminuir a morbimortalidade decorrente de cesáreas desnecessárias e não-amamentação ao seio. Seria muito mais simplista se submeter às intervenções cirúrgicas que movimentam muito mais dinheiro. Ou se vender à tantas marcas de leites em pó... Fortificados, enriquecidos e até antiregurgitantes. Que propagam a falsa idéia de que, em algum nível, podem ser melhores que o leite materno...

Enfim, são vários profissionais muito dignos que encabeçam tais atitudes extremamente corajosas, alguns nem são da área obstétrica ou pediátrica, mas com profundo conhecimento de causa. Posso ser injusta, mas alguns nomes que me vêm a mente agora são, Daphne Rattner, Marcos Dias, Kátia Ratto, João Batista... Vou me lembrar de todos, mas são vários!

Obrigadas a todos vocês e - por que não dizer? – a todos nós profissionais compromissados com a vida em todas as suas formas.

Menos mãe

Ninguém é mais mãe nem menos mãe por nenhum fato isolado. Todas as mães (ou quase) fariam coisas inimagináveis pelos filhos, se fosse preciso... Coisas bonitas ou desconsertantes, justas ou ilegais, honestas ou abomináveis. Matariam e morreriam; enganariam ou falariam a verdade; se prostituiriam ou trabalhariam á exaustão, qualquer coisa.

Por este motivo, ninguem é menos mãe por precisar trabalhar ou porque errou ou porque não amamentou (por escolha ou falta de informação) ou porque teve cesárea sem indicação relevante (tanto faz se por desinformação, preconceito ou opção).

Nada sem um contexto quer dizer coisa alguma! Boa mãe é aquela que faz tudo que acredita ser bom para o filho. Se melhora a cada dia, aceita novas idéias e repensa velhos conceitos. Analisa, reflete. A boa mãe busca o conforto ou o aprendizado ou até mesmo permite ao filho errar. Se entrega ao trabalho eterno de amar e educar. E de alimentar, vestir, aliviar a dor e fazer sentir bem.

Quem pare não é mais mãe do que quem faz cesárea. Mas uma mãe que se prepara durante a gravidez com uma boa alimentação, exercícios regulares, que se dedica à amamamentação exclusiva, se informa sobre a melhor forma de trazer seu filho ao mundo, que lê, que deseja ter seu bebê na segurança do natural, da pouca intervenção, do que é científico... Essa mãe é igual a que não está nem aí pra nada?

Não estou falando da mãe que não tem escolhas, nem da que estava tendo outros problemas sérios e não pôde se entregar mais do que gostaria. É o que disse, tudo precisa ser analisado dentro de um contexto.

O que acredito mesmo é que ninguém tem o direito de tirar um filho de uma boa mãe... Ou roubar-lhe a maternidade se ela quiser vivê-la plenamente. Nem numa cesárea, nem numa lata de leite, nem na lei dos homens

Te convencer a não fazer Cesárea...

Tive 2 PDs com enfermeira obstetra, o ultimo há 8 meses e foi lindo. Ja vi cesáreas, ja vi partos normais tradicionais, partos normais "humanizados" hospitalares e ja vi os meus. Não tem comparação. São duas coisas distintas.

Eu sou suspeita pois acredito que o Parto natural é uma das melhores coisas que Deus deu às mulheres! O parto me transformou. De menina Moleca, me tornei mãe, mulher. Isso teria demorado a acontecer no meu caso se o parto tivesse sido insípido, pequeno. Não poderia aqui convencê-los que cesarea não deveria ser uma opção. Ninguém vai ao médico para tirar o apêndice saudavel so porque todo mundo na família tem apendicite. Entao por quê operar mulheres saudáveis para tirar o bebê?

A cesárea deveria ser uma decisão medica séria, ética, consciente e responsável, porque é perigosa, expõe a mãe e bebê a inúmeros riscos que não existem no Parto normal. Nao é porque é culturalmente aceita, que os riscos diminuem...

A cesárea eletiva rouba, com ou sem seu consentimento, um momento importante de sua vida: ver e fazer seu filho nascer. Muitos não acham isso importante, mas é. Sinceramente não me conformo...

A vida tem que ser vivida intensamente e com ética: paixões, decepções, tristezas, alegrias e tudo relacionado a filhos. Mas respeito quem não se interessa. Amamento prolongadamente, alimento adequadamente (somos vegetarianos), penso e repenso a educação, estudo as melhores atitudes (e ainda erro muito) e o parto faz parte disso, tenho certeza. Foi caro para as minhas condições, mas o que tive em troca foi imenso. Sai ate barato! O respeito que é dado num parto humanizado, onde VOCE é o centro, você pede, você manda, você é cuidada e especial.

No hospital, a mulher é número, é transação financeira, é "Maezinha", ou "a doente" da mesa de cirurgia. A vida deveria ser mais que isso.

Gosto de ser dona de mim. Não entregaria meu corpo á tutela de alguém que estudou mais do que eu.... (no meu caso, isso nem seria adequado dizer, porque estudei a minha vida inteira). Mas a sabedoria femina está em todas nós. As pessoas entregam suas almas a um hospital onde ninguem os conhece e acham que pode fazer melhor que eu o que nasci para fazer?

Parir não é médico: é biológico! Me despersonalizar, ficar passiva e obedecendo ordens... Que isso! Infelizmente, em poucas ou em muitas palavras, eu não poderia fazer você mudarem de opinião.

Da mesma forma, não conseguirei lhes mostrar a sutileza da diferença entre PN e cesarea. A parte prática: riscos e ciência, todo mundo já sabe. Posso falar por horas, mas não são as palavras, são as sensações. Nao posso fazê-lo entender o quanto o parto de verdade transforma uma mulher, a prepara para cuidar do bebê, a sensibiliza, a deixa mais forte. Nada do que eu falar pode lhes fazer acreditar.

Mas se você soubesse o que eu sinto... tendo sido capaz de colocar meus filhos no mundo, parido as pessoas mais importantes da minha vida... se escutasse meus gemidos de amor e de glória pós-parto com eles em meu colo... Se visse meu semblante, minha alma transparente em plenitude... Se sentisse o amor, a profundidade do que senti... você JAMAIS hesitaria em viver isso também.

A cesárea é uma forma de trazer seu filho ao mundo, mas não é uma forma de crescer, de se espiritualizar, de ter uma experiência orgásmica. Sem necessidade, é só uma passagem que traz o filho do útero rasgado para uma mãe dopada que não sente nada fisicamente, nem pode se mexer ou, quiçá, segurá-lo. Ou seja, o momento mais importante de sua vida é vivido entre lençois azuis, luvas estéreis, máscaras e drogas depressoras. Sabe, além de não ser nada seguro, também não é nada romântico. JAMAIS negarei a importância da cesárea de emergência. Usada adequadamente, ela foi feita para salvar. Mas não pode tirar o papel e o poder da mulher. Como tem sido feito...

O problema é que 90% das gestantes que pagam, "precisam" de cesárea. Isso não é calúnia: são números! Não lhe parece, pelo menos, estranho? Será que o corpo feminino não serve mesmo para parir?

No que querem que acreditemos? Em cordão enrolado? Em bebê grande? Em útero perigoso? De onde vem este tipo de fé? Não acho que cirurgias sejam escolha, igualmente a cesarea. Mas se optar por ela, tenha consciência do que não terá a chance de viver as emoções de um parto. Saiba que estará correndo junto com seu bebê muito mais riscos. E que será totalmente responsabilizada medicamente se algo der errado, porque "você escolheu a cesarea". Ou responsabilizar a Deus "Fizemos ATE uma cesárea, mas não deu".

Se precisar de ajuda, estamos por aqui. Não há mais nada que se possa dizer para lhe mostrar a diferença... A menos que mergulhe nesse mundo e queira realmente ver. Desde já lhe digo: não é facil, não tem volta, mas é maravilhoso. Um grande abraço e aguardo sua reflexão.

Cesárea a pedido

Quando a cesária foi inventada, sua letalidade era próxima a 100%...

O que acontecia então era que a cirurgia só era indicada quando não havia alternativa. Ou seja, já se havia tentado de tudo e, já que a mulher tinha grande chance de falecer, tentava-se a cesariana que poderia, porém dificilmente, salvar sua vida. Mas era melhor arriscar do que a certeza da morte...

A cesárea era então encarada como um grande perigo, porém avaliando-se sempre o risco-benefício, poderia ser utilizada em poucos casos. No princípio era assim. Este deveria ser o contexto da necessidade desta cirurgia: depois de todas as alternativas esgotadas, a indicação de cesárea seria aplicada adequadamente.

A cesárea evoluiu, mas ainda é uma cirurgia, não um "parto por via alta". E ainda tem suas complicações e, por este motivo, também deveria ter critérios sérios para sua execução. Mas ao contrário do seu objetivo inicial, nobre e responsável, hoje esta CIRURGIA foi promovida a "via de parto", como se não houvesse problema nenhum em sua banalização.

Há sim e é por este motivo que resolvemos descruzar os braços, abrir nossas mentes e nossos bocões para falar. Está errado. Ninguém chega ao médico, pedindo para remover seu apêndice com o argumento de que não aguentaria sentir dor numa eventual crise, justificando que a anestesia não permitiria a dor como a da suposta "crise", ignorando o pós-operatório e as complicações inerentes a qualquer cirurgia abdominal. E, mesmo se alguém tivesse essa coragem, o médico ético recusaria, pois, mesmo a "tendência familiar" ou "hábitos alimentares" favoráveis à apendicite, não justificam exposição a tamanho perigo.

Mas por que aceitam fazer cesáreas, sabendo (mas talvez não acreditando) sobre riscos? Seria por respeitarem as mulheres? Uma tentativa equivocada de respeitar a decisão de cada uma? Respeitar sem informar? Seria esta uma forma torta de promover cidadania? Se for assim, apesar de sabermos que aproximadamente 70% preferem o parto normal, como explicar que 90% das mulheres que "podem" escolher (sistema privado) terminam em cesarianas? Não raro, assistimos a relatos de mulheres, dizendo que seus obstetras dizerem: "Na hora a gente vê se dá".

Quando a mulher pede cesárea, rapidamente as coisas se resolvem, a data já é marcada, ignorando complicações e a crença no poder da mulher de colocar seu filho no mundo. Dificilmente um obstetra particular tenta convencer a mulher a desistir da cirurgia. Não é de se assustar que tenham quase 100% de cesáreas despretenciosas no histórico...

Os perigos da cesária desnecessaria e seu uso indiscriminado são imensos para serem ignorados. É difícil acreditar que se as mulheres os conhecessem, optariam por eles. Afinal não conhecemos nenhuma mãe que deseje dar mais chances ao bebe de ir para UTI, de ter grandes hemorragias, dela mesma morrer ou ver o filho morrer e tantos outros problemas. Então fica cada vez mais claro que se houvesse o esclarecimento necessário, poucas mullheres exporiam a si mesmas e seus bebês à doenças e morte somente por preconceito, comodidade ou vaidade. Mas parece que não há interesse profissional forte para a reversão do quadro.

O MS e ANS parecem empenhados nisso, ao contrário dos conselhos de classe afins, onde não vemos propostas sérias para acabar com as desnecessarias e com isto, salvar milhares de mães e bebês que morrem em consequência delas todos os anos. As cesáreas não podem acontecer a pedido. Por respeito à vida. Certamente se tivessem a chance de opinar, os bebês escolheriam nascer quando estivessem prontos. É uma teoria lógica. Eles precisam estar totalmente prontos, preparados para as condições de vida aqui fora. Além de cirurgias sem necessidade não caberem no código de ética médica. Eles não podem pagar pelos preconceitos de suas mães mal instruídas ou profissionais com agendas lotadas.

Não podemos reduzir esta questão ao direito de escolha da mulher. Uma mulher equivocada toma decisões equivocadas. Países como Japão, onde quase todas as mulheres têm nível superior, a taxa de cesárias é mínima. Ou outros onde há liberdade de escolha em vários aspectos, como a Holanda, 33% dos bebês nascem em casa e bem. A Dinamarca têm os habitantes mais "felizes" do mundo e tem alto índice de parto normal. Na Noruega, a mais rica nação, o percentual de cesáreas jamais saiu dos limites, bem como na Suíça com as pessoas mais saudáveis do mundo. Há parteiras por toda a Europa. Até os EUA têm menos cesáreas que nós...

Olhando por este ângulo não lhe parece que há algo errado com o Brasil? Em nosso país, ostentamos a triste média nacional de cesáreas de 50 a 60%, sendo mais ou menos 30% no SUS e mais de 80% nos planos de saúde. É a maior do mundo. Isso demonstra uma grave crise. Resta nos questionar se de ética ou perícia. Isso mesmo. Não há muitos caminhos para justificar o avesso de nosso país às organizações científicas internacionais, a não ser falta de ética e habilidade. Sim, porque nosso país foge á regra de todos os países desenvolvidos em qualidade de saúde e tambem nas cesáreas.

E o pior é que compreendemos facilmente estes números quando avaliamos os índices de mortalidade materno-infantil. E os que justificam esse absurdo com a baixa remuneração, admite que esses profissionais a fazem exclusivamente por dinheiro, o que seria uma declaração explícita anti-ética no capitalismo selvagem, no qual estamos mergulhados.

Não cabe discutir neste momento nem mesmo a qualidade da assistência ao parto normal que faz as mulheres o temerem. Mas algumas outras grandes questões:

*A mulher pode pedir ou exigir um procedimento médico que pode ter graves consequências? *Por quê o Brasil está na contra-mão das orientações da OMS e evidências científicas e nossos médicos continuam a operar em massa?
*Por que os obstetras têm duas práticas: No SUS, Parto vaginal com inúmeras intervenções; nos planos de saúde, cesárea marcada?
*E por que nenhuma dessas práticas é tão usada nos países com alta qualidade de vida, nos quais deveríamos nos basear?
*Se as mulheres têm direito de escolher a cesárea, por que os obstetras não têm o dever de orientá-las quanto aos riscos?

Precisamos resolver estes questionamentos com respostas honestas mudarmos o triste rumo que a saúde de mães e bebês tomou em nosso país.

Falar Cientificamente

Primeiro a religião, depois a medicina. Assusta como a igreja saiu de cena como principal orientador da sociedade (cristã em especial), perdendo lugar passivamente para a medicina, sem lutar.

Se era para perder sua tutela, que fosse para a ciência, mas perdeu para a medicina... Hoje, vemos catolicos, evangelicos, espiritas, messiânicos e quase todas as outras religiões, compartilhando de uma mesma premissa "Se Deus fez a tecnologia e os medicos para salvarem nossas vidas, então entregamos nossos corpos, nossas almas e nossas vidas a eles". E quem nunca escutou algo assim que atire a primeira pedra.

Com esta sustentação fica dificil competir, assim como toda argumentação religiosa. Mas ha algo anterior a isto, que é biologico, natural e praticamente inexplicável: o instinto.

Mesmo a tecnologia e o complexo sistema financeiro por trás dela, tendo feito tanto para estragar o parto normal, vemos ainda todos os dias mulheres querendo PNs (algumas mesmo sabendo de seus "horrores hospitalares") e outras frustradas por terem tido cesáreas questionáveis ou que nunca engoliram o menosprezo com que foram tratadas.

Pouquíssimas reagem a isso e essa luta é uma viagem sem volta.. Mesmo com toda avacalhação com o natural, com a exaltação da tecnocracia através da afirmação de que a cesárea é salvação ou que o PN até pode ser bom (com tantas intervenções dolorosas?), as mulheres continuam desejando o que já era para elas terem esquecido para sempre... "O parto natural, porque é de pobre e simples". Ou como infelizmente foi denominado com desdém "Retrógrado".

Não está mais sendo possível dimensionar o crédito de um órgão que fala contra o natural, que não se importa, ou sequer esteja atualizado, sobre as evidências cientificas. Que só esta representando uma corporação inteira - salvo respeitáveis exceções - que pensa igual.

Em muitos textos torna-se claro que o corporativismo e o medo desesperado de perder espaço motivam esses profissionais, se "baseando" em preconceitos escrachados e de pobre argumentaçao.

"PARTO EM CASA: retrocesso aos "tempos da vovó"

Quem dera que pudessemos voltar aos tempos da vovó, onde a criminalidade era mínima, onde se tinha muitos filhos e somente as condições de saneamento/higiene e desnutrição não permitiam que as pessoas vivessem mais.

A dependência de remédios, médicos e tecnologia era mínima e quem estaav vivo, tinha realmente qualidade de vida, diferente de hoje, quando muitos sobrevivem, mas poucos vivem. Ao contrário, vivem sequelados, com problemas de comportamento, de convivio, vícios, tendentes ao suicidio, auto-destruiçao. "É, mas pelo menos estao vivos", alguns diriam, como se nada mais importasse.

"Não ha gravidez e parto sem riscos". Isso é verdade. Enfim não há vida sem risco. Nós nunca negamos isto. O que fazemos é compreender e aceitar isso, sendo co-responsaveis pelas nossas decisões e pelas nossas vidas.

São tantas aspas sem referência bibliográfica. Recorrer a preconceitos para justificar uma posição sem fundamento, descabida. Absurdo e inadmissível atribuir credibilidade a aspas soltas por aí..

A ciência "moderna" (onde?) diz que uma gravidez normal é de 38 a 40 semanas? Alguns questionamentos então... Por que tantas gestações interrompidas antes disso? No que se baseia o MS para instituir nos PSFs o padrão de 38 a 42 semanas? Se apenas 15 a 20% (são um números cabalísticos?) precisam de intervenções de um médico, por que então que na prática 98% dos partos têm algum tipo de intervenção? Ou vocês admitem que fazem intervenções desnecessárias? Que medidas têm adotado para diminuí-las? E por que a maioria delas nem é científica rotineiramente (episiotomia, enema, kristeller, posiçao horizontal, tricotomia e cesáreas mal indicadas, muito alem dos 15% de limite maximo preconizado pela OMS)? Há algum tipo de Deus aqui contrariando as bases realmente cientificas do MS e da OMS?

"Estudos internacionais mostram que para maior segurança dos recém-nascidos, as gestantes, mesmo de baixo risco, devem ter partos em instituições hospitalares tradicionais. A ênfase exagerada na normalidade pode levar ao reconhecimento ou à ação retardada das complicações"
"Ênfase exagerada na normalidade"!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Se há tantos estudos, me cite alguns... Um então! Onde esta a referência disso? Esta informação é muito, muito importante para ficar solta assim. O conselheiro da matéria confunde indicadores de qualidade da assistência com humanização. Qualquer leigo sabe que não sao a mesma coisa. "identificar precocemente as distócias e o sofrimento fetal; corrigir prontamente as distócias e prevenir o dano fetal; garantir condições de reanimação do recém-nato". Nem precisa ser humanizado para saber realizar tais procedimentos. E os outros itens que refere como de humanização, deveriam ser obrigação, base para qualquer instituição.

Humanização integral vai além e poucos hospitais tem oferecido isso. Por que este orgão, ao invés de tentar (nunca vai conseguir) queimar o parto domiciliar humanizado, não investe em "humanizar" seus profissionais com o objetivo de reduzir o número de cesáreas desnecessárias (que causam, estas sim, danos infinitamente maiores à getsante e bebê) e as absurdas de intervenções rotineiras, tidas como verdades inquestionáveis por seus profissionais?

"Na Inglaterra, em partos hospitalares, esse risco é de 1 para 1561, enquanto nos partos domiciliares planejados, nos Estados Unidos, é de 1 para 500, e na Austrália de 1 para 371." Essa colocação tendenciosa soa, no mínimo, cômica. Quando falamos da Inglaterra em partos hospitalares, por que citam os partos domiciliares planejados de EUA e Austrália? Ou vice-versa? Quando falamos de dados regionais dentro de um país, devemos compará-los a dados da mesma região do outro país, certo? O que tem a ver os partos hospitalares da Inglaterra com os domiciliares de EUA e Austrália, senhor Deus? Eu gostaria muito de saber qual a correlação entre os partos Ingleses entre si; dos EUA entre si e do australiano entre si. Nesta citação, novamente a fonte não consta.

"dos 5 milhões de recém-nascidos que morrem anualmente no mundo, cerca de 1 milhão (20%) são vítimas de asfixia intra-útero ou no momento do parto." "Intra-utero" não significa que qualquer intervenção "salvaria", mas que algumas, bem empregadas, poderiam ajudar alguns a sobreviver. Sobreviver, que fique claro, não necessariamente a viver com qualidade.

"No momento do parto"... Qual parto? Estaria aí incluida a cesárea eletiva, da qual ja se espera desconforto respiratório e outras sequelas importantes? Estranha esta colocação porque as principais causas de morte sempre foram desnutrição, hipertensão, diabetes e assistência inadequada.

Seria essencial a citação das fontes dessas e de outras "aspas" (!) serias feitas no texto referido. Pelo menos.

Cesarianas...

Esta semana assisti uma cesariana, como não fazia há anos.

Eu talvez respeitasse a cesárea como decisão pessoal com os riscos informados, sem preconceitos e mitos, se fosse o caso. Mas ainda não acredito que exista alguma mulher que, no fundo, não queira experimentar um parto normal.

Apesar de achar que a cesariana seja uma decisão medica séria, eu, de alguma forma, aceitaria a decisão feminina de escolher esta cirurgia como forma de ter seu filho. Só que nunca vi uma mulher ser, de fato, informada sobre o que é verdadeiramente uma cesariana.

Todas acham que sabem o suficiente, mas a maioria não sabe responder questionamentos básicos sobre riscos e complicações a que se expõe gratuitamente. Ouso dizer quea grande maioria nem pensou alguma vez nisso.

Era uma cesárea eletiva, sem indicações clínicas, com uma gestante de baixíssimo risco e muito saudável. Não queria transparecer porque eu filmaria a cirurgia, mas meu coração se partiu quando momentos antes da hora H, ela ainda me perguntava sobre o parto normal. Sinal de que ela tentaria, se tivesse sido minimamente estimulada.

Durante o procedimento, os médicos conversavam sobre mil coisas que nada tinham a ver com o nascimento da criança que estava por acontecer. A conversa me remetia a uma mesa de bar, em não consonância com o que estava ocorrendo ali. Muito insensato.

O médico me pediu que não filmasse o bebê, quando ele o estivesse tirando para não “assustar quem estivesse vendo em casa”. Eu fingi que acreditei que sua observação era normal e aceitável.

E quando nasceu, a expressão do bebê era de dor. Qulquer outra pessoa estaria rindo disso e dizendo “Mas isso é normal! É assim mesmo!”, mas saiba que não é e nem precisa ser assim.

Minha segunda filha, quando nasceu, não apresentava feição de dor nem quando chorou. E chorou pouco, apesar de estar ótima. O Bebê não tem que chorar sempre!

Então, aquela criança foi apresentada à mãe pelo pediatra - que deve se achar humanizado só por causa disso -, o levou para os primeiros cuidados e, em seguida, para a incubadora, onde passou toda a noite.

Lá, a expressão da criança era de dar dó. Sem esforço pude ver toda a angústia daquele serzinho que ainda estaria no ventre de sua mãe se não tivesse sido literalmente arrancado e jogado num berço aquecido, com uma expressão de filme de terror.
Será que alguém se perguntou como ele estava se sentindo? E só veio para a mãe na manhã seguinte para darem uma chance à amamentação e ao vínculo instintivo que já tinha sido quase completamente quebrado.

Para quem tem coração, a filmagem é ainda mais cruel. Movimentos bruscos, carne, conversas paralelas, sangue, objetos cortantes... Um bebezinho com frio na alma e uma mãe anestesiada que mal podia se emocionar.

Não sei o que será (ou o que já esta sendo) desta humanidade que violenta seus recém chegados. Essa humanidade que, além de cortar sem hesitação uma mãe totalmente fora do trabalho de parto, tira seus filhos a força do melhor lugar do mundo, os pega pelos pés e os coloca nus de frente pro ar condicionado, enfiam-lhe tubos e mais tubos pelo nariz ate os pulmões, esfrega-lhe e sacode se não chorar como o esperado, longe de sua mãe para tomar uma ou duas injeções (conforme rotina) e os deixa sozinho sem entender nada, numa incubadora solitária em sua primeira noite na Terra. Bem vindo!

O amor instintivo se perde e estes dois tem que se esforçar mais, lançar mão de outros recursos para construir seu vínculo e uma relação de confiança entre si. E só com o tempo poderão recuperar o que perderam no parto.

Se não reconstruírem esta relação sagrada, teremos mães e crianças (depois adultos) inseguros, porque o seu primeiro contato em sua primeira relação de confiança não existiu ou foi menor do que deveria e poderia ser.

Dia desses, escutei uma outra mulher que se submeteu a cesárea eletiva dizer “Eu teria 10 filhos de cesárea, mas nenhum de parto normal”. Mal sabe ela que não poderá ter mais do que 2, no máximo 3 filhos com segurança clínica, por culpa de suas primeiras cesareas.

Além disso, nota-se uma atitude extremamente egoísta porque sua frase deixa claro que, em momento algum pensou na criança (“EU teria”). Nunca parou para se perguntar se algum de seus filhos gostaria de nascer daquela forma. Ou quem sabe "o bebê não tem querer". O filho precisa ser respeitado desde sempre. Inclusive e principalmente em seu nascimento.

Se seu primeiro contato com este mundo for tão assustador e violento o que poderemos esperar deste indivíduo? Flores? Então que nossa sociedade amadureça, e rápido, para que comecemos a mudar o mundo. E não melhore somente o nascimento, mas vários aspectos que comporão a personalidade do cidadão de bem.

Mas e se precisar de Cesárea?

Há um grupo de profissionais que diz: Não se pode "tão" radical porque se a mulher precisar de cesárea, vai ficar frustrada por não ter tido um PN".

Não podemos deixar de falar no assunto, só poque 5% de todas as mulheres (segundo a OMS que ainda dá de lambuja mais 10%) realmente precisarão de intervenção cirúrgica para o nascimento dos filhos.

O problema é que existem muito mais mulheres frustradas pelo fato de que suas (desne)cesáreas poderiam ter sido evitadas, se na ocasião houvesse um profissional mais hábil, ético ou menos capitalista.

O problema não é falar bem de PNs, mas o uso indiscriminado de cesáreas que estão lesando o útero e o coração dessas mulheres. E o falso saber coletivo que diz que "cesárea salva da dor e da morte e PN mata e faz sofrer".

Muita gente não vê problema nessa banalizaçao desta cirurgia. Aliás, a maior parte das pessoas simplesmente entrega suas vidas nas mãos de um médico e diz a ele nas entrelinhas "Se eu viver, é sua obrigação; se eu morrer a culpa é sua, porque estou fazendo tudo que você manda".

Parto não é dor, é realização feminina. Parto não é prisão, é liberdade. Parto não é brincadeira, é coisa séria. E com a licença poética, é romantismo também. Ou pelo menos deveria ser. Mas será que até isso querem tirar das mulheres? Não estava bom tirarem a auto-suficiência da amamentação, da educação dos filhos, do poder de conceber naturalmente, mas ainda querem parir por nós?

A menos que vc seja um super azarado, 90% de todas as suas conhecidas que tiveram cesárea, se submeteram a este risco à toa. E não me venham com o papo de que temos que maneirar porque algumas precisam. As que precisam, devem ser bem orientadas e consoladas, pois é sim uma grande perda, mas não são tantas que precisam, como querem que acreditemos.

Por que essas pessoas não falam dos estudos que estao ligando intimamente a cesárea à depressão pós-parto? Por que são tão desatualizadas e empiricamente parciais em suas convicções?

Não ter tido um PN, pode levar a uma frustração (transitória e curável) e a depressão pós-parto, a psicose puerperal podem levar à morte (inflexivel e incurável). A cesárea deveria salvar, mas como vem sendo feita é uma aberração anti-natural.

Os partos hospitalares tradicionais também não ficam muito atrás. Levando em consideração que quase todas as pessoas que conheço tiveram filhos dentro destas duas limitadas e inseguras possibilidades, não me causa estranheza que queiram ter poucos filhos.

Já eu não, quero ter aos montes. Acho lindo aquela família grande, inteira, sentada à mesa da matriarca, bagunça, crianças pra todo lado, genros, noras, sorrisos e algumas lágrimas de felicidade... E o que é felicidade senão uma família grande e unida?... Quantas poucas gerações ainda viverão isto?

São tantas coisas lindas que estamos deixando para trás com esta desculpa de não querer sentir dor, de dar altíssima qualidade de vida aos filhos, de mulher do século XXI... E para que? Vaidade, egoísmo, falta de autoavaliação, na maioria das vezes. Tudo o que estamos conseguindo com essa falta de crítica e excesso de comodismo é um mundo mais violento, desconfiado, inseguro, desnorteado e pessimista.

Sou mais morar num sítio, ter um trabalho flexível e/ou esporádico, poder viver a beleza ao lado das pessoas que amo e me amam. That Is Happyness! Na verdade, há um complô contra a felicidade genuína, mas de mim, não vão conseguir tirar. Não estou numa busca eterna de ilusão, mas de uma doce realidade.

PS: se precisar de cesárea, leva pro hospital e apoie a mulher, oras!...

Vantagens e Desvantagens do PN e Cesariana

Esses dias, um amigo disse que não seria adequado discutir sobre este assunto, porque ambos tem suas vantagens e desvantagens. Tentarei fazer uma leitura imparcial dentro da minha experiência que não é completamente imparcial. Se fosse, eu nao ligaria para partos e não estaria escrevendo sobre isso agora. Entenderia como um fato efêmero e deixaria pra lá, sem me comover. Começo me perguntando sobre as vantagens da cesárea, jamais negando os meritos da cesárea necessaria, rara. De fato, num mundo como o nosso, capitalista, fugás e superficial, a industria dos bebes faz a cesárea ter muito sentido. É necessario, para grande parte das mulheres trabalhadoras, saber exatamente quando começará e terminará sua licença maternidade. E nao precisa carregar levar aquele barrigao pesado que causa tanto calor ate quarenta e poucas semanas pro trabalho. Rapido e prático, sem a enrolação de um parto imprevisivel. Para as "místicas", é importante determinar uma data coerente com as qualidades desejadas num filho. 08/08/08 às 8:08h é uma data bonita, cabalística, dará caracteristicas como perspicácia e capacidade administrativa e coincide com o dia disponível da clinica e do medico. Para outras, por economia ou conveniencia, o ideal é que os membros da familia façam aniversario no mesmo dia. Para homenagear um avô, que nasceu com parteira em seu lar no dia 23/12, marca-se o nascimento do filho, num centro cirurgico com medico, para a mesma data, ligeiramente prematuro. E, de quebra, tambem libera-se o obstetra para os feriados de final de ano, nao comprometendo sua vida fora do horario comercial. Falam tambem da cesarea como alternativa a dor do parto, mas sinceramente, nao concordo pois a cesarea é uma cirurgia e como tal, dói tanto que quem se submete, precisa de anestesia, as vezes geral. A anestesia nao é opcional como no PN, é obrigatoria, porque a dor de uma cesarea é, esta sim, realmente insuportavel. Alem do mais a anestesia é uma intervençao tao severa que pode causar inúmeras sequelas, mesmo quando bem feita. E neste caso, fugir da dor, as vezes pode custar a vida. Nao so pelo risco da anestesia, que ja seria o suficiente, mas tambem pelo risco de uma cirurgia de grande porte que é. A desvantagem de um PN é nao saber quando e como para este mesmo grupo de pessoas. A mim muito seduz o romantismo da incerteza. Nao sabemos a data exata da concepçao, ate porque ela nao acontece no instante do ato sexual, entao para que saber o do nascimento? PN nao faz ficar larga nem a bexiga "arriar" nem dá hemorroidas, nem sacrifica a mulher como dizem. Alias, isso é conversa de quem tem medo de PN. Digo por experiencia propria. Alias, tudo muito pelo contrario. O PN dá direito á mulher ter muitos filhos se desejar, cesarea nao. PN tem uma recuperaçao rapida, sem dor alguma e a mulher pode dar o primeiro banho e cuidar melhor de seu bebe nos primeiros dias. O coquetel hormonal exclusivo do PN ajuda o utero e o corpo a voltarem mais rapido, a amamentaçao e na relaçao com o filho. Tudo comprovado cientificamente. Nao ter tantos cortes no utero, nao atrapalha a proxima gravidez. A cesarea provoca aderencia e a perda da sensibilidade local. Alem da incisao, que grande ou pequena, feia ou "bonita, será sempre uma cicatriz. Limita o numero de filhos e aumenta as chances de varias complicaçoes como dificuldade respiratoria imaturidade pulmonar) para o bebe, que nao esta completamente preparado, mesmo a termo, varias infecçoes para ambos, alergias, dores e morte. Mas e quando a cesarea é necessaria? Mesmo assim ha a avaliaçao do risco/beneficio. A medicina baseada em evidencia (e nao em achismo) diz que "cesarea de emergencia deve acontecer em nao mais do que meia hora entre a decisao e a excução da cirurgia", senao nao é emergencia. Diz tambem que, mesmo em caso de indicaçao absoluta, a cesarea so deve ser indicada em Trabalho de parto. Estes criterios ajudam a evitar as complicaçoes tao comuns da cesareas, inclusive a mortalidade. Entao, as "desvantagens" do PN sao discutiveis e naturais, esperadas pelo corpo. As da cesárea são, pelas estatísticas e pela ciencia, mais graves. É dificil falar somente do assunto sem colocar nossa opinião pessoal, mas, graças a Deus, a ciência e o romantismo estão do meu lado. :)

Hora Marcada

Se você soubesse o dia em que encontrara o grande amor de sua vida, você acha q isso tornaria o momento mais romântico?

Se descobrisse quando e onde seu amor chegaria, isso poderia fazer a história perder o encantamento?

Se pudesse advinhar como esse instante se desenrolaria, isso o faria mais brilhante ou mesmo seguro?

Com a chegada da tecnologia, poderemos livrar nossos filhos de doencas hereditarias e ate "contornar" ma formações.
Gerar, ou mandar gerar (máquinas ou outras pessoas, quem sabe) nossos descendentes perfeitos fisicamente, bonitos, de olhos azuis e cabelos que não deem tanto trabalho... Quem sabe cabelos cacheados que não embaracem nunca... Peles macias, da cor q desejar, bocas róseas, como num conto de fadas. Que delicia imaginar. Cinco dedos sempre, pés perfeitos, lado esquerdo e direito. Sem defeitos.

E o mais importante: a certeza. Certeza de que serão inevitavelmente belos, saudáveis, sem traumas de infância, sem apelidos, sem doenças, sem problemas talvez.

E o que seremos qd tudo isso acontecer. Qual seria o propósito de vida de perfeitos por fora e jurassicos por dentro? Qual seria o romantismo da vida, dos encontros, das incertezas, das paixões e dos sabores se tivéssemos as garantias de como, quando e porquê acontecerão? Quão próxima - ou distante - estará a natureza de nós quando o controle for completo?

Nascer, desenvolver, crescer, evoluir, conceber, gerar, parir, envelhercer, amadurecer, morrer só para tudo recomeçar... Que delicia é não saber quando! Que maravilha não saber como! Que barato não saber onde! E qie gostoso descobrir os porquês...

Eu nao sei quanto a você, mas eu quero pagar pra ver. Não vou ter medo. Sentir o que houver pra sentir. Dor, medo, risco, alegria, fé, profunda, compaixao, prazer, plenitude, amor, paz... E o que mais existir de importante.
Quero arriscar, preciso saber. E é isso que me fará melhor: simplesmente viver.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Matrix Obstétrica

O filme Matrix conta a história de Neo, um humano criado como quase todos os outros para alimentar as máquinas que vivem na terra do mundo real. As máquinas, por sua vez, alimentam os humanos com vidas irreais, sustentada por prazeres ilusórios, emoçoes simuladas por programas de computador.

Enquanto as pessoas não tomam a pílula azul, ou seja, não se rebelam, tudo fica bem para os verdadeiros cérebros, as máquinas que detém o poder.

Assim é em tudo na vida. Na alimentação; nos vícios; no sexo; na ética e até na obstetrícia "O medico disse que precisei de cesária... Eu ia discutir com ele?"

O único caminho para a saída da Matrix é a mente aberta e a informação. Não é facil chegar la e é um caminho sem volta. Não podemos deixar toda a informação e a decisão de nossas vidas nas maos de outros. A Co-responsabilidade é a chave para todas as relaçes, principalmente profissional-cliente. Nenhum médico pode garantir coisa alguma, mesmo que você dê o poder de decisão a ele.

A vida não dá garantias. Quem diz que em casa é perigoso, é um achista convicto, anda para as evidências cientificas que dizem exatamente o contrário.

Não é possivel que Deus seja tão imperfeito que tenha criado mulheres tao defeituosas para parir. As pessoas falam tanto de fé, mas nao crêem na natureza quando lhes é solicitado. Sem reflexão, somos somente humanóides que trabalham para sustentar uma elite de políticos, religiosos e mídia, os verdadeiros seres pensantes, detentores do poder e mais beneficiados pelo suor e ignorância da massa.

Na mesa de um restaurante da Matrix com o agente Smith, o traidor da Nabucodonosor diz algo como: "Eu sei que essa bife não existe, mas que delícia é saboreá-lo...". A cena sequinte mostra Neo e os amigos comendo uma papa sem gosto e um deles reclama. Morpheus responde: "Aí contém todos as cadeias de aminoácidos que você precisa". A cena retona à do traidor que contempla o bife: "A Ignorância é uma benção".

Tecnologia e Qualidade de Vida

A tecnologia ja provou por a+b que, de certa forma, prolongou a vida dos humanos; fez quem nao podia, passar a poder ter filhos; e que a curto prazo, diminui dor e desconforto. Infelizmente é uma faca de dois "legumes". Ao passo que a cesária, um inocente exemplo :), foi criada para salvar vidas, acabou trazendou outras "vantagens" para seus adeptos: horarios, "certezas", uma ideia de liberdade para escolher a data para ser mae e a falsa fuga da dor. Um risco calculado porem grande. Qualquer tecnologia, quando bem utilizada, tem grandes chances de ajudar o ser humano. Mas o efeito devastador na ausencia de necessidade é muito maior. A prova disso é que hoje morrem, adoecem ou sao lesados muito mais mulheres e bebes por cesarea desnecessaria do que por PN mal conduzido. Tecnologia não é brincadeira. Nao pode ser usada como um acessorio para o mundo industrializado que criamos: industria da luxuria, industria da vaidade, industria de fertilizaçao, industria de partos, industria de bebês. Isso não é um retrocesso, pois nunca aconteceu, mas é um rumo para o fim para o crescimento espiritual da humanidade. Ao inves de nos sensibilizarmos mais, de sentirmos a vida, as paixoes e ate as dores naturais, nos submetemos a procedimentos desnecessarios que atrapalham ou prejudicam o curso biologico, a razao espiritual e o aprendizado sentimental da vida. Tudo que estamos fazendo com nossos corpos e com a natureza nos será cobrado, aliás ja esta sendo. Quem tem olhos de ver, que veja. Que racionalize, que critique, que reme contra a maré, que evolua. Não é facil mudar de lado, de ideia. Abrir a mente e pensar diferente precisa de muita coragem, mas não é impossivel. Saber a verdade é essencial para lutarmos contra esse modelo tantas vezes mediocres impostos.

Eu quero um parto normal!

Texto adaptado
Tenho achado muito estranho mulheres que nao ligam pro parto ou que escolhem uma cesárea simplesmente... A humanidade têm criado ótimas e perigosas tecnologias para melhorar ou expor a riscos a vida da mulher, faze-la sentir menos dor (privando-a de sentir a feminilidade) e vêm um movimento na contramão que deseja combater uma das mais belas coisas da natureza. Artificialmente. Tenho medo delas.

Pelo que vi e ouvi, elas parecem querer que todas as mulheres sejam submetidas a cesáreas por escolha ou por indicaçao. Não acho justo. A justificativa que elas têm é que muitos médicos desejam conduzir todas as mulheres a fazer Partos normais cheios de intervenções ou enganando-as com esse argumento... Por questões acima de tudo de saúde.

E aí, por causa disso, elas querem obrigar todo mundo a fazer cesarea? Eu não concordo, sinto-me desrespeitada. Eu sinceramente não entendo qual é a diferença. Nao serei mais mãe ou menos mãe por causa do parto, mas talvez seja mais mulher. Nao amarei mais ou amarei menos o meu filho por causa do parto, mas talvez ame mais a mim mesma.

Pior ainda, é que algumas vezes tenho a sensação de que existe um discurso meio implícito que diz que se eu escolhi PN, foi porque sofri influência dos meios de comunicação, de modismo... Fica parecendo que eu não tive capacidade de escolher sozinha, por mim mesma, meu caminho... Isso me incomoda.

Sou uma mulher inteligente, bem resolvida, e quero um parto. Ponto. Qual é o grande crime? Eu não tenho uma situação financeira tão confortável, não tenho carro do ano. Só me seduz a idéia de ser surpreendida por contrações no meio da madrugada, mas não de acordar vizinhos para me levarem ao hospital.

Por isso escolhi em casa. Nao quero depender de transito e dos outros, preocupada com o meu filhinho já amado, que nesse momento estará se encaixando na minha pelve delicadamente. Em casa, vou dando a ele tempo de se ajeitar e se preparar para nao ter nenhum problema e eu me sentindo segura por saber que "tudo está bem" de verdade, pela emoção de entrar em trabalho de parto e nao saber o que vai acontecer depois...

Que qualidade posso esperar ao pegar um médico do meu convênio? Alguns profissionais acompanham pré-natal e perto do parto inventam uma complicação ou no momento que a criança resolve nascer, não é seu plantão e nada pode fazer por mim. Ele pode estar descansando, atendendo no consultório, no aniversario da mulher, operando miomas agendados e nao vai poder abrir mao disso tudo para me dar o luxo de parir.

Por isso, escolhi um que vá ficar comigo o tempo todo, uma parteira experiente. Agora, suponhamos que eu realmente aceite passar por esse parto hospitalar tradicional ou a cirurgia cesariana. Vão me internar, raspar meus pêlos, fazer lavagem, colocar um soro que vai me doer muito mais do que vinha doendo até então, vou ficar sozinha, num lugar estranho, vou ter que fazer força, ninguém vai poder me ajudar (mas provavelmente riticar), ficarei com as pernas para cima e com a minha intimidade exposta para um grupo de desconhecidos, vão me abrir um enorme corte "lá embaixo", me fazendo passar por todo esse sofrimento.

Não digam que isso é lenda porque a gente sabe que é assim. Ou então podem fazer cesárea dizendo que tem mecônio no líquido com risco de infeccionar o pulmão ou que seu cordao umbilical o está enforcando, tirando-o de mim "na técnica", colocando-o numa encubadoura longe, bem longe do meu seio cheio de leite com o belo argumento de que era pro nosso bem...

Terei em casa abertura suficiente e tenho mto mais garantias de ter meu filho com saude. Se eu o perder, jamais vai me consolar o fato de ter feito uma cesarea ou de estar num hospital...

Também pode acontecer de eu cismar andar, cantar, comer, acocorar e nesse caso e nao quero estar num lugar em que as pessoas achem isso ridiculo... Se eu preferisse parir nesse lugar com tantas superbacteriassendo necessario esterelizar tudo a todo momento, aí sim eu seria maluca.

Ficaria desolada se acabasse em qualquer desses PNs que vejo por aí ou numa cesárea sem necessidade. O Hospital tem seus méritos e sua importância, mas somente nos casos onde existem tantas coisas dando errado na gravidez da parturiente para ela precise deum exagero de tecnologia para ficar viva. Ao contrário, com gestantes de baixo risco, tal tecnologia nao so expoe o binomio mae-filho a riscos, como tambem efetivamente compromete a saude fisica e mental de ambos.

Mas socialmente ela nao será culpada por isso, ja que é cultuada socialmente. Por isso, meninas da "Cesárea Consciente" nao dá para compreender. Até gostaria de entender melhor, mas não consigo. E eu tento.

Então, temos um sentimento legítimo: Nós (humanistas) temos um sonho", como já dizia Martin Luther King. Nosso sonho é que todas as mulheres possam COMPREENDER o melhor para si mesmas. Só que o melhor é diferente do menor... Assim, não queremos dizer que o melhor para nós têm que ser o melhor para você. Apenas argumentamos que muita coisa pode ser mudada para novas ideias e ideais para que as pessoas possam fazer suas escolhas.

ASS: Uma mulher que prefere um PN sem certezas e sem garantias (como tudo na vida) e não acha justo ser obrigada ou enganada para ser levada a uma "cesárea natural"... E que gostaria que vocês refletissem nisso! (Autor desconhecido)

Parto domiciliar X parto hospitalar

Primeiro tenho que dizer que nao é porquê o bebe nasceu pela vagina em ambos os casos que parto é tudo a mesma coisa. O parto vaginal hospitalar tradicional inclui muitas intervençoes impaticaveis em casa. Sao elas: Episiotomia, anestesia, soro com ocitocina, kristeller ou qualquer imposiçao à mulher em TP (trabalho de parto). Em casa, so pode parir gestante de baixo risco. Estou certa de que ha muitos erros diagnosticos na classificaçao de uma mulher como baixo, medio ou alto risco gestacional. Quase todo mundo que conheço diz que era gravida de alto risco, o que nao contra-indica PN (parto normal). O hospital tem varias tecnologias invasivas que fica ate dificil nao usar. Monitores, infusores, agulhas, lindos frascos de vidro... E a medicina ficou por demais intervencionista desde que passou a ser defensiva ao extremo. Isso é fruto do medo que os profissionais tem de processos. Afinal ninguem é processado por ter feito uma cesariana salvadora, mas quase todo dia, medicos sao crucificados por terem "deixado a mulher sofrer e nao fazerem a cesarea salvadora". Alem disso, a formaçao academica enfoca os riscos, perigos e a reversao drastica deles: por exemplo a cesarea. Entao, as vezes ate por ansiedade ou pressao, o cara acaba intervindo ou mesmo operando. Ha tambem os que intervem por comodismo e habito. Muitos fazem episio so porque sempre foi assim, ja que a ciencia diz para fazer 20% e eles fazem 80% ou mais... Nao sou a favor do PN tradicional que mais se assemelha a uma sessao de tortura para mae e filho, mas acredito e vivo uma forma muito mais humana de trazer os filhos ao mundo. Sem agressoes, com muito respeito à mulher, à criança e à vida. O parto humanizado hospitalar é uma possibilidade sim, mas eu acho por si so, o hospital uma intervençao. Nenhum outro mamifero sai de seu lugar, de seu "ninho" para parir. Nenhum pare meio a tanta gente! Fora as verdadeiras torturas presentes ate nos partos hospitalares mais humanizados como credeizaçao, Injeçao de vitamina K e vacina contra hepatite B (uma de cada lado da perninha), colocaçao na encubadoura (la longe da mamae), inserçao de cateter nasal para aspiraçao, as vezes umas sacudidelas (antigamente um tapa no bumbum) para "melhorar o apgar do 5º minuto", ja que o do 1º pode ter sido um fiasco... E ate mamadeira para a mae "poder descansar". Num parto domiciliar, é a mulher que manda. É outra coisa... É inimaginavel para quem vive mergulhado meio a tecnocracia, em ambientes altamente contaminados e naturalmente frios. Eu ja presenciei partos hospitalares e tive 2 em casa. Nao ha comparaçao, usando como referencia a liberdade, o respeito e a autonomia da mulher. Em casa, eu pude sentir sossegada a pressao do bebe descer, a ardencia da cabecinha passando e ate a dor, que vem e vai e é plenamente suportavel. Eu realmente gostaria de fazer as pessoas pensarem um pouco sobre isso, mas a maioria se defende da potencial mudança, tratando (devido ao seu temor) o parto domiciliar como menor e arriscado. NAO É. A tecnologia tem provocado muitos danos à saude das pessoas. principalmente porque é muito mal utilizada. Bacterias superresistentes a antibioticos de ultima geraçao... Mulheres com 3 ou 4 cesareas impedidas de parir (ja foi aberta tantas vezes...)... Pessoas morrendo por excesso de tecnologia mal utilizada, como a cesarea desnecessaria por exemplo que leva milhares de bebes direto para a UTI... Entao vc pode dizer... "Mas a minha cesarea foi indicada porque... o cordao estava enrolado... estava passando da hora (com 40 semanas)... o bebe estava sentado... eu estava com a pressao alta... eu tinha diabetes... a placenta estava velha... nao tinha passagem... nao tinha dilataçao... nao tinha mais força... eu era muito baixa/alta/gorda/magra/musculosa o bebe era grande (tinha mais de 4.500g?) longo trabalho de parto (menos de 12h pouco liquido (?) muito líquido (capaz do bebê se afogar!) cesarea anterior bebê sufocando(????) bebê bebendo agua do parto (bebe 9 meses, so nao pode na hora do parto?) má formaçao uterina (quase nenhuma indica cesarea) sofrimento fetal (essa é batata! que mae vai querer esperar?) corta em cima ou corta embaixo (episiotomia) Sinto dizer, alias, me alegro em dizer que muuuuiiiito provavelmente vc foi enganada, ja que esses disturbios raramente indicam cesarea. Enfim se 85% dos partos deveriam ser vaginais e todo mundo que vc conhece teve cesarea, esta na cara que alguma coisa esta errada... Ou voce é muito azarado e conhece todo mundo que esta dentro dos 15%... Se procurar, acabam achando cabelo em cabeça de cobra. Ainda mais fazendo tantos exames! Será que a natureza é tao defectível? Como a humanidade sobreviveu por tanto tempo e tao bem sem cirurgias para extraçao de bebes? Isso tudo merece, pelo menos, uma reflexao, nao acha? O parto domicliar dói menos e traz mais satisfaçao, segundo as pessoas que tiveram ambas as experiencias. Seus hormonios (ocitocina por exmplo) trabalham em paz, tranzendo aquela sensaçao de extase quase sexual e uma paz imensurável... Mas e se houver algum problema durante o TP em casa? Pirmeiro: como sao sempre partos de baixo risco, essa chance é minima. Uma outra questao é que os casais que optam por esse parto, normalmente desejam muito esse filho e esse parto. o pensamento positivo obviamente é mais de meio caminho andado. Mas e se?.... Se complicar, o que é rarissimo ja que os profissionais que levam a serio o parto em casa tem cerca de 5% de cesareas, o bom observador identificará e intervirá, caso necessario. Quando as coisas vao mal, elas se mostram para quem sabe observar e esses profissionais sao muito experientes. O fato é que nos partos domiciliares programados nunca morreu ninguem, ao contrario dos hospitalares, memso em se tratando de baixo risco... Nós, humanistas, nao somos loucos. A troco de que teriamos e faríamos partos em casa em detrimento aos partos hospitalares se a coisa fosse tao ruim como dizem por aí? So somos pessoas que tiveram alguma experiencia, nos abrimos e paramos para pensar um pouco sobre tudo isso... E foi inevitável nao mudar. Uma viagem maravilhosa sem volta para fora da matrix. Mas a matrix é uma outra história!....

Eu...

Pessoal, eu sou a Dydy.

Sou enfermeira obstetra e gosto muito de ajudar outras mulheres a terem o momento maravilhoso que tive a oportunidade de ter e sentir por duas vezes. Descobri esse tipo diferente de parto quando engravidei do meu filho mais velho no final de 2001.

Eu só queria parir com uma enfermeira e pouca intervenção. Nem sabia que existia parto domiciliar. Então liguei para a extinta maternidade Leila Diniz no Rio e pedi para me encaminharem à Enfermeira obstetra de plantão. Esta me pediu para ligar numa terça pra falar com a Helo. Liguei e marcamos. Na 1ª consulta, ela me falou sobre parto em casa e não me empolguei nem hesitei...

Desde o inicio me pareceu muito natural. Não foi difícil decidir. Não me senti devendo explicações à minha família, afinal a escolha era minha e meu então marido, me apoiava... Ou pelo menos, não era contra.

Com 40 semanas e 4 dias, no dia 11 de julho de 2002 as 21:22h, de um trabalho de parto difícil de quase 24h, nasceu meu 1º anjo, o Klauss. Os tempos passaram, 2 anos depois me separei, reencontrei e me reapaixonei pelo Sandro, engravidamos e tivemos a gestação mais saudável do mundo, cursei minha pós em obstetrícia com meu 2º anjo na barriga sem saber se era menino ou menina...

Trabalhei ate o fim da gestação, sem um único atestado médico. E no dia 9 de dezembro de 2007 depois de lindas 39 semanas e 3 lindos dias, de um parto rápido, intenso e perfeito, nasceu a minha menina linda com nome de flor... Aglaia.

Decidi criar este blogger para que outras pessoas tenham a chance de serem informadas sobre a dificuldade de se ter um parto normal, que dirá domiciliar nos dias atuais. Muitas mulheres têm medo do PN e "optam", para terem seus filhos, por uma cirurgia arriscada e muito mais mortal que um parto e que deveria ser usada raramente em situações realmente graves numa mídia de 10 a 15% (OMS).

Ao contrário disso, vemos um total descaso com o perigo desta cirurgia com alegações, algumas vezes, absurdas. Há tambem a conveniência (indústria dos bebês) que não pode esperar horas e horas para auxiliar a mulher a parir em paz. E mesmo os profissionais que compreendem os riscos da cesárea e fazem PN, o praticam com inúmeras intervenções não-científicas ou de forma rotineira, quando deveriam ser usadas muito raramente. Exemplo delas: Kristeller (fazer força com o ante-braço na barriga, empurrando o feto pra baixo) causando dor à mulher; Tricotomia (raspagem dos pelos pubianos), expondo a vagina e o bebê a novos micróbios e desrespeitando a individualidade da mulher; Enema (lavagem intestinal), também expondo a mulher com o falso argumento de eliminar as bactérias da região e tornar o parto asseptico; Colocação de soro com ocitocina para acelerar o trabalho de parto (causa aumento da dor e nao é adequado para todas as mulheres); Dieta 0 (nenhuma alimentação durante talvez 15h de trabalho de parto) para o caso da mulher "precisar de cesárea; posição horizontal (que não é favorável a gravidade, normalmente atrapalhando a expulsao do bebe e so facilita o trabalho do profissional, nao da mulher).

Faço parte de um grupo de mulheres que resolveu se rebelar contra esta situaçao insustentável de quase 100% de cesáreas em convênios de saúde e este modelo desrespeitosoo de assistência à mulher que tem parto vaginal, que a propósito é bem diferente de um parto domiciliar e qualquer hora vou explicar o porquê.

Meu email é dielly@mail.com Mas por favor, não use nosso tempo tentando me converter à cesárea ou ao parto tradicional. Adorarei ajudar, trocar ideias e receber novas informações. Um abraço!

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