O que este admirável casal fez esta semana não poderia passar despercebido. Ainda mais por ter sido uma evolução consciente e gradual.
Eles são realmente belíssimos fisicamente. Mas a beleza física por mais impressionante que seja é apenas a menor da que podemos observar.
São um casal jovem da TV e seriam mais um, senão por algumas diferenças fundamentais.
A primeira é que apesar das tentações que ambos devem ter, sempre demonstraram sobriedade, amor e lealdade em seu relacionamento. Isso por si só, já os colocaria numa parcela muito pequena do meio em que vivem. Mas serem felizes como casal e como uma família mediana não lhes bastou.
Não sei se sabem sua história, mas o primeiro filho deles nasceu de uma cesárea que eles mesmo compreenderam ter sido desnecessária. Em uma entrevista, demonstraram sua insatisfação coerentemente com o procedimento e, decididos, resolveram conhecer mais e crescer... E Cresceram.
A segunda filha nasceu de um parto normal hospitalar que eles julgaram ter sido um acontecimento melhor do que o primeiro e se mostraram impressionados com o universo de cesáreas. É sempre assim quando começamos a sair da Matrix cultural Obstétrica.
Como este segundo parto foi não só normal, mas também doulado pela Fadynha, uma famosa doula e uma das principais figuras de humanização do nascimento do RJ, era natural divagar sobre a possibilidade de um parto domiciliar para um próximo filho. Até que o Marcio apareceu na TV dizendo que só os dois já dava para rir e chorar. Então não seria desta vez ainda que teríamos um casal famoso não só conhecendo, mas também experimentando um parto em seu lar.
Enfim há alguns meses ela surgiu novamente grávida. E seria impossível não pensar sobre isso, já que eles foram evoluindo... Cesárea – Parto normal hospitalar... Parto domiciliar. Seria uma excelente experiência para eles e uma força para o Movimento de humanização.
Confesso que queria muito, mas como já vi outros artistas falando deste desejo e terminando em cirurgia, procurei não me iludir.
Mas não é que eles conseguiram?!
Ontem a notícia estava estampada pra quem quisesse ver “Andréa Santa Rosa e Marcio Garcia têm seu filho em casa” e com a mesma parteira que aparou os meus filhos.
Eu queria contar a todo mundo: não sou louca... Tive meus bebês em casa com toda segurança, como a Andréa fez. Foi a informação e o romantismo que me levaram a isso, não a aventura... Assim como foi com ela.
Não tem a ver com coragem... Tem a ver com despertar e decidir.
A sociedade está imersa num oceano de medo, achando que a cesárea nos salvará da dor e da morte, na prática, o que ela vem provocando é mais dor e mais morte, ao contrário de seu objetivo inicial.
A cesárea jamais diminuiu o índice de óbitos, paralisia cerebral ou dor. Uma cirurgia dói muito mais do que um parto, por este motivo, sempre precisa de anestesia – as vezes geral – e quando ela passa, só os remédios poderosos para minimizar a dor que a ferida provocada gerou.
Eu, a Andréa e mais uma leva de mulheres somos vistas como loucas, irresponsáveis, rebeldes ao sistema. A única verdade é que nos rebelamos a este modelo aterrorizador obstétrico que vê as mulheres como defectíveis e o parto como um momento de perigo, não fisiológico, de insegurança e tensão.
Nós o vemos com alegria, tranqüilidade e paz. That´s the diference!
A Andréa e o Marcio tiveram uma trajetória interessante. Passaram por todas as experiências dentro da obstetrícia. E conhecendo as duas primeiras, optaram pela forma mais natural que poderiam escolher.
Não os conheço e provavelmente jamais conhecerei. Mas torço por eles tanto quanto quero bem aos meus amigos. Eles se mostraram maduros, coerentes e fortes. Estou muito orgulhosa por terem conseguido e por acreditar que todos os meus esforços não-remunerados daqui de longe contribuíram para isto.
Parabéns... De todo meu coração.
FEIRA DO LIVRO 2024
Há 5 meses
2 comentários:
Adorei suas palavras querida!
Sou louca sim, com muito orgulho
E assumida.
E Corajosa
E parideira.
E amo tudo isso da forma mais intensa q existe!
nada melhor q parir em casa!
Q Deus me dê essa oportunidade denovo algum dia!
Bjs
Oláaaa,
achei que eu era doida por ser médica e pensar como você.....em medicina, humanismo, em fisiologia e espiritualismo e sustentabilidade como coisas totalmente e intrinsicamente interligadas e co-responsáveis em nós e por todos nós.....Párabéns!!! Adorei seus textos !!!!
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