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sábado, 11 de setembro de 2010

Desfazendo A Cultura para Mostrar a Verdade

Quantas e quantas vezes a vida dos humanistas se ocupam de explicar (leia-se provar) que o parto normal é bom, as indicações reais de cesárea e que ambas as “modalidades” não são uma simplista questão de escolha... Ah e que, ao contrario do que lhes fizeram acreditar a vida inteira, a cesárea da sua mãe tem tudo para ter sido, em poucas palavras, completamente desnecessária.

Eu gostaria de ter respostas simples e rápidas, pois nunca dão muito tempo para presentear com o espelho que provaria a imersão num sistema tecnocrata de tão mergulhados na cultura de incapacidade fisiológica e medo. Mas não tenho poder para te mostrar que não só a ciência está ao meu lado, mas também a lógica. Não esta “lógica” que aprendemos com a TV, mas o curso natural da vida.

Qualquer que seja o discurso, científico ou romântico, somos cortados com um “Mas então pra você não existe indicação de cesárea?” (e minha cara de paisagem).

Mais difícil é ainda falar sobre um assunto que, senão casais grávidos e alguns profissionais, ninguém além quer saber a respeito. Criticar a “forçação” do parto normal é uma regra, mas a forçação sem aspas da cesárea é inquestionável.

Falar sobre o que é óbvio é uma redundância. Mas ser redundante em nossa sociedade quando o assunto é abolição à cultura imposta é serviço para Chucks Norris da persistência... Mas vamos lá... Mais uma vez (ainda que não seja a última...):

- Não ter passagem. Uma desculpa clássica para justificar que mulheres, até mesmo sem entrarem em trabalho de parto, sejam levadas à cesariana, mais rápida e fácil para quem tem habilidade. Raramente (raramente mesmo) uma mulher não consegue se abrir para deixar passar seu filho. Isso pode (e deveria) ser identificado no pré-natal, mas infelizmente “não dá tempo” de entrar em questões tão profundas e dispendiosas emocionalmente. Algumas vezes a coisa é escrachada: 4h de “Trabalho de parto” e cesárea porque o bebê não nasceu. Noutras, uma serie de procedimentos precipitados e, tantas vezes, ultrapassados que culminam com um pesado “Você não conseguiu, eu vou conseguir por você”, digo, “Vou operar você”. Enfim, não é tão fácil assim não ter passagem de verdade.

- Cordão enrolado no pescoço. É compreensível que as pessoas achem que o cordão seja uma corda rígida capaz de fazer uma forca fatal para o bebê. Mas cerca de metade dos recém nascidos apresentam esta característica e ela raramente acarreta problemas para o nascimento. A grande maioria se desfazem com uma manobra simples (parecidíssima com a que você usa para tirar um cordão com a vantagem da lubrificação). Muitos fetos apresentam, inclusive, várias voltas ao pescoço, sem qualquer prejuízo à sua saúde. Os receios se remiriam assim a uma quantidade extremamente reduzida de cordões realmente apertados, onde há o que se fazer para que o bebê nasça um pouco mais rápido. Nunca vi, mas acredito que seja mais rara ainda a incidência de conceptos que não tenham sobrevivido. Isso não justifica expor milhares – talvez milhões – de mulheres e seus filhos a uma cirurgia eletiva com todos os riscos que lhe são peculiares.

- Passando da hora. Existem dois tipos para o rótulo “passando da hora de nascer”. O primeiro tem a ver com a longevidade da gestação, o segundo com o tempo de trabalho de parto. Por causa disso, vemos nossas amigas permitindo suas cesáreas serem marcadas com – estourando – 40 semanas ou concordando com a indicação da cirurgia após poucas horas de um duvidoso diagnóstico de trabalho de parto. Apesar dos bebês terem seu tempo, foi estabelecido um limite razoável de 42 semanas de gestação e, nestes poucos casos, o indicado é a indução (Feita corretamente, por favor). Para tranqüilidade de todos, pode-se fazer cardiotocografia a partir de 40 semanas. No caso de trabalho de parto prolongado, a avaliação fetal é O fator que deve ser levado em consideração prioritariamente e avaliar muito cuidadosamente a parada de progressão para diferenciar de progressão lenta, esta segunda mais comum. O excessivo “medo de passar da hora” não se justifica quando avaliado criticamente. Não é comum que os limites da hora do bebê sejam ultrapassados, mas na contramão, infinitas cesáreas são “justificadas” assim.

- Bebê sentado. Ou pélvico. De fato, não é um parto que os profissionais gostem de assistir. É uma distócia per se e apesar de raro a temida cabeça derradeira é um fantasma que nos assombra. Desde a faculdade, todos ouviram alguém falar que um conhecido do conhecido do conhecido pegou uma “cabeça derradeira” e fez de tudo para salvar a criança. Bom, eu também conheço um cara que passou por isso e também fiquei assustada. Em minhas “pesquisas’, conclui que o que provoca essa complicação habitualmente são exatamente o medo e a pressa compreensível por sinal. Não é tão comum bebê pélvico a termo para que se tenha larga experiência com isso. E o segredo é exatamente contrario: colocar a mulher numa posição favorável – de quatro por exemplo - e: deixar o bebê vir. Em casos extremos, instrumentos e até manobras serão necessários. O problema é que com 30 semanas já há quem esteja pensando em cesárea por apresentação pélvica ou até antes disso. É provável que o bebê vire sem intervenções, mas há quem lance mão de acupuntura, moxa, posições e exercícios, podendo até realizar a Versão cefálica externa, onde o obstetra vira o feto manualmente, com 37 semanas que – não compreendo o porquê – raríssimos obstetras sabem fazer. Há mais falácia sobre o assunto do que problemas com ele em si.

De qualquer forma, a cesariana não deveria ser vista como uma via banal de nascimento. Escolher passar por uma cirurgia não é uma escolha qualquer. Não é como optar por um estilo de roupa, nem como preferir uma pessoa à outra. E suas indicações sérias e reais não são comuns. Jamais justificariam os 90% das cesarianas realizadas nos hospitais particulares.

Descobrir a verdade sobre a obstetrícia brasileira é decepcionante e difícil.
É preciso muito mais do que confiança no profissional e um bom plano de saúde.
Cesárea não é brincadeira. Não opte sem pelo menos conhecer de fato.
Boa sorte em sua busca.

Um comentário:

Anônimo disse...

Adoro seu blog!!!
Vou mostrar esse post pro meu marido...

Obrigada!

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