- O parto Natural e humanizado de verdade - A maneira segura e emocionante de ajudar mulheres trazer crianças ao mundo

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A Verdade

Aproveitando este meu momento nu e cru obstétrico, peço que você que chegou até aqui entenda que não chegou aqui por acaso e este assunto merece muito de sua atenção e reflexão.

Os riscos reais – mas principalmente – as falácias do parto normal, todos sabem de cor, mas os da cesárea, muito maiores, matem-se em segredo, pois atende aos que a praticam, sem interrupções de férias e desorganização da agenda. Esta maneira simplista de colocar a cesárea e o parto como mera questão de escolha, faz parte de um sistema capitalista que desrespeita a natureza e os que não tem voz, no caso, as crianças.

Além disso, é feita uma verdadeira sacanagem com o parto na cabeça das mulheres: de um lado, um parto longo, suado, cheio de intervenções dolorosas, sofrido, solitário, com fome, sede e grosserias. De outro, uma cesárea limpa, monitorada, rodeada de profissionais que falam manso, indolor (sob uma pancada cruel de medicamentos pesados e potencialmente alergênicos) e mais: se for particular, pode até filmar!

Ou seja, cesárea é coisa do século XXl. Coincidentemente o mesmo século das grandes guerras, da medicalização e do auge do capitalismo despretensioso e inofensivo.

E o mais triste de tudo é conversar com uma mulher, é vê-la justificando sua cirurgia com um argumento caído por terra (como cordão enrolado) e desassociando completamente a cesárea da internação na UTI Neo e do insucesso da amamentação.

Constatando, desta forma, a manipulação bem sucedida na descrença em seu corpo. Como se seu útero, pudesse ser, em alguma esfera, um lugar perigoso para seu filho.

Conseqüentemente seu leite, um alimento dispensável e ineficaz, seu carinho igualmente imperfeito. “Me dê cá seu filho que eu resolvo e você fica me devendo essa... Eternamente” diz segura a deusa Tecné.

Carregadas de propagandas negativas e preconceitos, as mulheres realmente crêem que estão preferindo uma cirurgia sem qualquer influência. E esta escolha nunca foi legitima. A cesárea e também outras intervenções desnecessárias não deveriam ser vistas como escolhas, mas como procedimentos médicos. Deveriam ser exceções.

Os países com menores índices de agravos e óbitos materno-infantis são onde mais acontecem partos naturais. Em muitos deles, a regra é o parto domiciliar com parteira. Então da onde vem esse medo brasileiro do parto? Por que sabemos tão pouco sobre nosso corpo? Por que a nossa obstetrícia intervencionista virou piada lá fora?

O bom disso tudo é que está ocorrendo uma mudança. Tivemos que chegar ao caos para fazer a revolução. E a prova dela é que você está aqui lendo esse texto enorme agora. Raciocinando e refletindo sobre algo que logo será obvio. Isso significa que quem vai fazer a mudança é você, mulher!

Um comentário:

Dr. Alberto disse...

Olá Didi!

Sempre acompanho seu blog e gosto muito da forma que nos convida pensar e repensar nossas escolhas.

Parabéns pelo seu trabalho e pela forma coerente com que escreve!

Eles já me visitaram