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quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Cesarianas...

Esta semana assisti uma cesariana, como não fazia há anos.

Eu talvez respeitasse a cesárea como decisão pessoal com os riscos informados, sem preconceitos e mitos, se fosse o caso. Mas ainda não acredito que exista alguma mulher que, no fundo, não queira experimentar um parto normal.

Apesar de achar que a cesariana seja uma decisão medica séria, eu, de alguma forma, aceitaria a decisão feminina de escolher esta cirurgia como forma de ter seu filho. Só que nunca vi uma mulher ser, de fato, informada sobre o que é verdadeiramente uma cesariana.

Todas acham que sabem o suficiente, mas a maioria não sabe responder questionamentos básicos sobre riscos e complicações a que se expõe gratuitamente. Ouso dizer quea grande maioria nem pensou alguma vez nisso.

Era uma cesárea eletiva, sem indicações clínicas, com uma gestante de baixíssimo risco e muito saudável. Não queria transparecer porque eu filmaria a cirurgia, mas meu coração se partiu quando momentos antes da hora H, ela ainda me perguntava sobre o parto normal. Sinal de que ela tentaria, se tivesse sido minimamente estimulada.

Durante o procedimento, os médicos conversavam sobre mil coisas que nada tinham a ver com o nascimento da criança que estava por acontecer. A conversa me remetia a uma mesa de bar, em não consonância com o que estava ocorrendo ali. Muito insensato.

O médico me pediu que não filmasse o bebê, quando ele o estivesse tirando para não “assustar quem estivesse vendo em casa”. Eu fingi que acreditei que sua observação era normal e aceitável.

E quando nasceu, a expressão do bebê era de dor. Qulquer outra pessoa estaria rindo disso e dizendo “Mas isso é normal! É assim mesmo!”, mas saiba que não é e nem precisa ser assim.

Minha segunda filha, quando nasceu, não apresentava feição de dor nem quando chorou. E chorou pouco, apesar de estar ótima. O Bebê não tem que chorar sempre!

Então, aquela criança foi apresentada à mãe pelo pediatra - que deve se achar humanizado só por causa disso -, o levou para os primeiros cuidados e, em seguida, para a incubadora, onde passou toda a noite.

Lá, a expressão da criança era de dar dó. Sem esforço pude ver toda a angústia daquele serzinho que ainda estaria no ventre de sua mãe se não tivesse sido literalmente arrancado e jogado num berço aquecido, com uma expressão de filme de terror.
Será que alguém se perguntou como ele estava se sentindo? E só veio para a mãe na manhã seguinte para darem uma chance à amamentação e ao vínculo instintivo que já tinha sido quase completamente quebrado.

Para quem tem coração, a filmagem é ainda mais cruel. Movimentos bruscos, carne, conversas paralelas, sangue, objetos cortantes... Um bebezinho com frio na alma e uma mãe anestesiada que mal podia se emocionar.

Não sei o que será (ou o que já esta sendo) desta humanidade que violenta seus recém chegados. Essa humanidade que, além de cortar sem hesitação uma mãe totalmente fora do trabalho de parto, tira seus filhos a força do melhor lugar do mundo, os pega pelos pés e os coloca nus de frente pro ar condicionado, enfiam-lhe tubos e mais tubos pelo nariz ate os pulmões, esfrega-lhe e sacode se não chorar como o esperado, longe de sua mãe para tomar uma ou duas injeções (conforme rotina) e os deixa sozinho sem entender nada, numa incubadora solitária em sua primeira noite na Terra. Bem vindo!

O amor instintivo se perde e estes dois tem que se esforçar mais, lançar mão de outros recursos para construir seu vínculo e uma relação de confiança entre si. E só com o tempo poderão recuperar o que perderam no parto.

Se não reconstruírem esta relação sagrada, teremos mães e crianças (depois adultos) inseguros, porque o seu primeiro contato em sua primeira relação de confiança não existiu ou foi menor do que deveria e poderia ser.

Dia desses, escutei uma outra mulher que se submeteu a cesárea eletiva dizer “Eu teria 10 filhos de cesárea, mas nenhum de parto normal”. Mal sabe ela que não poderá ter mais do que 2, no máximo 3 filhos com segurança clínica, por culpa de suas primeiras cesareas.

Além disso, nota-se uma atitude extremamente egoísta porque sua frase deixa claro que, em momento algum pensou na criança (“EU teria”). Nunca parou para se perguntar se algum de seus filhos gostaria de nascer daquela forma. Ou quem sabe "o bebê não tem querer". O filho precisa ser respeitado desde sempre. Inclusive e principalmente em seu nascimento.

Se seu primeiro contato com este mundo for tão assustador e violento o que poderemos esperar deste indivíduo? Flores? Então que nossa sociedade amadureça, e rápido, para que comecemos a mudar o mundo. E não melhore somente o nascimento, mas vários aspectos que comporão a personalidade do cidadão de bem.

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